Mário Nunes
Cernache pode orgulhar-se de um extraordinário empreendimento local e regional, resultante da recuperação e revitalização de um património económico, social, cultural e natural, cerne de uma identidade que figura nos pergaminhos históricos da vila e freguesia: Museu Moinho das Lapas.
Um investimento marcante para a população, para o concelho e região, fruto da persistência, dinamismo e esforço empreendedor do presidente da Junta, dr. Vitor Manuel Alves de Carvalho e da sua voluntariosa equipa autárquica, com a participação ativa da Câmara Municipal de Coimbra, anteriores mandatos. Informa do poder económico que vinculava as gentes de Cernache, presente nos moinhos de água alimentados pela Ribeira. Uma herança ancestral que o historiador, dr. Marco Cruz, tão sabiamente apresenta e descreve no seu trabalho exaustivo e criterioso (livro), onde evidencia um passado de grandeza da freguesia e faz o levantamento dos moinhos que existem ou existiram no seu território: “Cernache, os Moinhos, sua História, sua Gente”. E, foi para ilustrar esse passado que o Museu das Lapas se transformou no símbolo de uma vivência humana, de um espólio, criteriosamente distribuído naquele espaço, que oferece ao cidadão um percurso pedagógico, que ensina, motiva e reflete sobre tempos que passaram, mas que permanecem na memória e deixaram marcas da sua utilidade e valor para a economia local.
Na sala maior do museu apresentou-se ao público com a exposição de fotografia intitulada “Coimbra … e outras Paisagens”, o jornalista, Valdemar Jorge. Uma mostra que se prolonga até 20 do corrente e que teve na inauguração uma moldura humana deveras significativa para eventos desta natureza. Aliás, o apresentador, dr. Sansão Coelho, nas palavras oportunas e brilhantes que proferiu para descrever e criticar as fotos e enaltecer o autor, vincou, sobremaneira, o número de assistentes que, num dia de chuva, veio superlotar o espaço do museu.
Valdemar Jorge enveredou pela fotografia como “hobby”, por gosto e influência familiar. Deslumbrou-se com os efeitos visuais e até emotivos que uma foto causava na sua pessoa. E, do deslumbramento passou à prática. Mas, interrogou-se: qual a temática a desenvolver? A tradicional não o satisfazia, pelo que adquiriu material mais sofisticado e pôs em ação a sua apetência e escolha: fotografia em sequência que depois juntava com precisão, apoiado em software específico. E, deste propósito nasceu a paixão, a aventura e a coragem para aparecer em público. Escolheu o Museu Moinho das Lapas porque se adequava melhor às 20 fotos em grande formato que selecionou para mostrar a sua Coimbra, valorizar e divulgar a sua beleza e património.
Sansão Coelho retirou daquelas belas e cativantes fotos, o “sumo” artístico que se derrama em cada composição. Acentuou que são instantâneos tirados ao milímetro, compaginados no olhar do artista e expressando em todos os pormenores um fulgor apelativo e uma contextualização do apaixonado pela fotografia. E seja na cor, na luz, na profundidade, no motivo e no envolvimento harmonioso e estético dos locais motivadores das imagens, Valdemar Jorge de “deslumbrado”, deixa o apreciador ou curioso deslumbrado e rendido à sua arte fotográfica. Visite o museu e a exposição.