A resposta grega

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Álvaro dos Santos Amaro

Na semana passada vivemos momentos de grande expectativa em relação aos resultados do Conselho Europeu no que respeita à situação da Grécia. Assistimos ao seu adiamento e, com isso, ao natural stress sobre o entendimento para “salvar” o euro e fortalecer a Europa. Surgiu então o fumo branco com as decisões conhecidas que pareciam apontar para um novo arranque desta Europa cada vez com mais dificuldades na sua gestão política interna. Desde as críticas às lideranças até à ausência de políticas sólidas e capazes de gerar confiança, de tudo se foi lendo e ouvindo, sem esquecer, claro está, o domínio do célebre eixo franco-alemão.

Mas o facto é que houve “fumo branco” e lá saíram as soluções possíveis com a Grécia, apesar da terrível crise interna, a poder respirar um pouco com o perdão de parte da dívida.

Custa por isso um pouco a crer que, praticamente na sua chegada a Atenas, a decisão do Governo tenha sido a de referendar este novo pacote de ajuda. Está visto que a pressão interna, ou a divisão clara em que a Grécia se encontra, prevaleceu sobre qualquer entendimento europeu. É um direito de soberania interna, não há dúvida, mas fica claro que há muito debate pela frente e igual dificuldade na superação desta crise.

Vamos agora assistir às diferentes teses sobre a Grécia no Euro ou fora dele e quais os impactos noutras economias europeias. E chegados aqui, é Portugal que voltará a estar no centro das atenções.

É justamente por isso que importa dar sinais claros de qual o empenho do país, em particular dos partidos que subscreveram o acordo com a troika. E aqui, o Partido Socialista, ainda que renovado na liderança, não pode esquecer as suas responsabilidades. O Orçamento que agora irá ser discutido não é o do PS, é certo, mas se estivesse no Governo as diferenças poderiam ser muitas em relação ao cumprimento das metas que foram negociadas pelo Governo PS e agora este Governo tem de cumprir e fazer cumprir?!

Como já alguém disse, e muito bem, este não é o Orçamento do PS, mas é por culpa do PS que ele existe no actual quadro europeu.

O julgamento deste Governo que o apresenta terá de ser feito, mas só depois de verificarmos se tamanhos sacrifícios valeram a pena e as metas foram cumpridas. É isso que é justo e sério na análise. E talvez por isso não se compreenda bem tanta hesitação na tomada de posição socialista quanto ao sentido de voto na Assembleia da República.

É bom recordar que o PSD nunca vacilou nos momentos das grandes decisões e em particular quando estavam em causa compromissos europeus. É o chamado interesse nacional que deve sobrepor-se ao taticismo da política.

O PS não “branqueará” o passado por querer, pelo menos aparentemente, afastar-se das responsabilidades que assumiu enquanto Governo. Os Portugueses não entenderiam e o PS nada ganharia em credibilidade. Aguardemos enquanto se discute a crise grega.

Esperemos que não sejamos obrigados a debater ainda mais a que vivemos entre nós.

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