Monte Mayor: a terra e a gente

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Mário Nunes

O título deste texto refere-se a uma importante publicação semestral, que a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho edita, há seis anos consecutivos, e de que acaba de sair o nº.11. Uma revista da coordenação do Dr. Correia Góis, que pretende dar relevo e divulgar temáticas, em todas as áreas, e alusivas, sobretudo, ao concelho. Aliás, o Dr. Luís Leal, Presidente do Município confirma: “este projecto é um exemplo de multidisciplinaridade de conhecimentos e uma ferramenta essencial para todos os interessados na Cultura e na História das gentes desta nossa terra”.

O título assenta na origem do topónimo montemorense. Um nome, Montemor, que está associado, também, a legislação elaborada na Vila e que foi utilizada na Idade Média, designada por “Justiça de Monte Mór”, em que o criminoso era lançado de um rochedo ou despenhadeiro, que no caso de Montemor seria o castelo. A lei ali criada para punir os malfeitores ligados ao crime, foi depois adotada por Santarém e estendeu-se a algumas terras do Reino. Segundo o “Portugal Antigo e Moderno”, 1874, teria sido importada da Palestina (Jerusalém), onde existe o Monte Moria, lugar propício a aplicar, então, aos criminosos, nas mesmas circunstâncias, o referido suplício.

Mas, “Monte Mayor”, revista, constitui a afirmação de que a Cultura é a seiva que alimenta os povos e as civilizações, o barómetro do progresso do homem e o sustento do motor de identidade na diversidade do desenvolvimento humano. Cultura que impõe comunicação que a veicule, pois sem difusão cultural, o homem e a terra, são ilhas no universo das civilizações, pelo que “Monte Mayor” é o mensageiro que transporta para todas as pessoas e lugares os valores intrínsecos da cultura montemorense e das culturas que incarnam e reciprocamente receberam influências daquela região. Por isso, esta iniciativa municipal merece todos os encómios.

A revista, ao longo das onze edições, com milhares de páginas impressas e ilustradas e dezenas de colaboradores, mostra que a pesquisa, interpretação e redação produzidas por especialistas e ou detentores de saberes, que privilegiaram a publicação com os seus trabalhos, acreditaram no projecto e sua utilidade, tendo em Correia Góis, um historiador empenhado na missão que identifica o concelho e região e que compagina uma riqueza sem preço, muita inexplorada no Município.

No actual exemplar, a panóplia de temáticas expressa os objectivos da revista, porquanto trata de assuntos sobre teatro, arqueologia, caça e caçadores, desporto (remo), folclore e etnografia, figuras ilustres de Montemor, guerras peninsulares, Misericórdias, mondadeira do Mondego, literatura popular, poder local e Montemor e, nas memórias do tempo, a transcrição de documentos. A capa ilustra o ex-libris gastronómico: o pastel de Tentúgal.

Pelo sumário será fácil concluir que quem desejar aprofundar os seus conhecimentos, encontra na publicação uma sementeira valiosa, que contribui, como diz Luís Leal “para perpetuar a memória dos Homens e Mulheres que transformaram o Viver e o Sentir do concelho”. A revista “Monte Mayor” é, pois, o veículo indicado para homenagear um passado que serve de exemplo ao presente e é estrutura do amanhã.

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