Rita Rato, deputada do PCP
Hoje o almoço em muitas escolas públicas do distrito de Coimbra é creme de abóbora com hortaliça e almofadinhas de tamboril com arroz de tomate, a sobremesa é fruta da época.
Mais de 200 mulheres todos os dias preparam e confeccionam a sopa, preparam as saladas, desinfectam e lavam a fruta. Mais ainda alinham as refeições, preparam o balcão, servem as refeições e recolhem as senhas. Mas ainda limpam, lavam, arrumam, armazenam e organizam a cozinha.
Estas mulheres garantem que todos os dias milhares de crianças e jovens comam uma refeição digna (muitas a única diária).
Estas mulheres são subcontratadas, trabalham sem pausas, num trabalho fisicamente muito exigente, carregando nas suas vidas os efeitos da precariedade: os baixos salários, os contratos de 8 horas semanais, 10 horas semanais, 12 horas semanais, 15 horas semanais, 20 horas semanais.
Estas mulheres recebem salários de miséria e trabalham à peça, mas dão resposta a necessidades permanentes das escolas.
Estas mulheres saem das suas casas ainda antes do sol nascer, percorrem dezenas de quilómetros para trabalhar 1 hora e 10 minutos.
Estas mulheres dão todos os dias o almoço aos filhos dos outros e recebem tão pouco que não chega para alimentar os seus filhos.
Estas mulheres não se calam.
Estas mulheres sabem da sua força e dos seus direitos. Sabem que deviam ter um horário completo de 40h semanais.
Estas mulheres respondem ao roubo e à exploração com a luta.
No dia 25 de Outubro elas gritaram bem alto por melhores salários e mais direitos.
Estas mulheres numa luta corajosa e determinada engrossaram o caudal de lutas que cresce todos os dias e que desaguará na Greve Geral de 24 de Novembro, para continuar depois desta.