Algo correu mal na sociedade portuguesa

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Luís Santarino

Muitas pessoas irão escrever sobre o 5 de Outubro. Para quê eu também fazê-lo se outros estão bem melhor documentados?

Não me demito, no entanto, de dizer que, as manifestações, os “VIVAS” à República não são tão estridentes agora, como o não são os “VIVAS” ao 25 de Abril.

Algo correu mal na sociedade portuguesa. Uns, mais engraçados, dizem que o complicado foi o D. Afonso Henriques ter batido na Mãe; olha se fosse um de nós? Outros, amaldiçoam 1640 e os Filipes terem ido “dar uma volta ao bilhar grande”. Há os mais complacentes que dizem que é o nosso fado! No entanto, nós todos sabemos que não é assim, nada disto é verdade, porque o que importa é colocar a “cabeça na areia” quando algo nos corre mal.

Para além disso, somos corajosos quando nos pedem sacrifícios, mas acobardamo-nos quando é preciso dizer umas quantas verdades. E por isso, os portugueses, analfabetos mais do que muitos, estão bem a marimbar para a sociedade e o futuro dos seus filhos, muito mais importados com as questiúnculas do Papa do Porto e o Orelhas do Benfica.

Estão bem a “baldar-se” se os filhos comem menos e mal, desde que possam dia após dia, encostar a barriga ao balcão e passar o fim de semana a emborcar minis como uns selvagens.

Isto é transversal à sociedade portuguesa e aos partidos políticos. Há de tudo como na botica, diziam os mais velhos, talvez idosos…

Por isso, quando alguns de nós se dizem desmotivados com o que nos rodeia, é por percebermos que a sociedade está repleta de aldrabões, oportunistas e vigaristas que, a troco de umas promessas nunca cumpridas ainda vão enganando uns papalvos.

É o que temos hoje. Infelizmente!

A minha comemoração do 5 de Outubro nunca mais será igual. É verdade. Porque tenho saudade – estou a dizer bem, saudade – de quando era grande responsabilidade se apelidado de amigo, quando os jovens não tinham vergonha de dar lugar aos idosos nos autocarros, quando um negócio se fazia com um aperto de mão, quando uma “escarreta” era considerada uma porcaria e o gajo um selvagem, quando se cumprimentava o polícia do bairro em vez de o agredir, quando se respeitavam os professores e se condenava uma qualquer “filho ou filha de uma mãe sem cama certa” o agredissem, quando ser gentil não era uma dádiva, mas um dever, quando, enfim, quando isto se parecia com um país e agora não é parecido com coisa nenhuma. Aliás, não vivemos num país…vivemos numa “carga de trabalhos”!

Já me falta a paciência, a pachorra melhor dito e canso-me com alguma dificuldade. Estou a ficar velho, dirão. Pois…haveria de estar a ficar novo!

Mas verdade verdadinha, eu também tenho “culpas no cartório”. Se calhar não fiz o que deveria ter feito. Talvez. Mas fiz o possível, escrevi o possível – não o que me deixaram – mas não chega. Indignarmo-nos já não chega. Mas para “mais” outros que alinhem que eu agora quero é sopas e descanso.

Até para a semana, se por ainda cá andar! Ao correr da tecla…

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