A extinção das espécies e a caça

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Mário Nunes

As instituições de defesa e preservação das espécies, desde a floresta aos animais, aves e outros, têm procurado sensibilizar os cidadãos e as entidades políticas para uma postura firme e adequada à salvaguarda e protecção destas riquezas e que o homem desfruta.

Também, vozes individuais lembram, com regularidade, o desaparecimento gradual de bens que integram o vasto conjunto da biodiversidade e que se extinguem, diariamente, ou caminham para o fim, por ganância do homem. São gritos de dor, alertas angustiantes e reflexões pertinentes sobre as consequências negativas que as acções incontroladas originam para a humanidade.

No passado dia 11 de Agosto, o Secretário de Estado das Florestas, Daniel Campelo, numa atitude louvável e exemplar, revogou o decreto que permitia a caça ao melro e outras aves protegidas. Esta intervenção veio ao encontro das críticas a nível nacional que se fizeram sentir, incluindo as da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SEPEA), depois do anterior Secretário de Estado legislar a autorizar para matar o melro, invalidando uma lei com mais de vinte anos e que tinha evitado a extinção da espécie, proporcionando que continuássemos a ouvir os maravilhosos sons daquelas bonitas aves.

Mas, mesmo assim e nos últimos dias de férias passados na Vila do Espinhal e agora no último domingo (regressámos à terra), fomos aturdidos pelo tiroteio assassino que parecia a guerra na Líbia. Desta ânsia insaciável de matar, apercebemo-nos que melros, rolas, pintassilgos, ferreiros e até corvos e pardais, cujos cantos chegavam, anteriormente, aos nossos ouvidos, tinham emudecido, criando um silêncio sepulcral que substituíra o silêncio de oiro. Como costumamos dizer, a barbárie regressou no cano da espingarda e eliminou, sem complacência, toda a ave que ficou na mira do caçador, melhor dizendo, do que usa espingarda (pensamos que o caçador tem outra atitude) e pode dar “pans”. E, como diz Norberto Canha, os pássaros estão a abandonar os campos e a refugiarem-se nos centros urbanos e populacionais por não terem condições para viver no rural. Uma verdade autêntica. Ouvimos, agora, os cantares de algumas das aves que enumerámos, porque vivem nas árvores dos jardins da Solum.

Desde criança que não compreendemos, porque o matar dá prazer. No caso das aves, a vítima até canta melodias àquele que a olha e vai martirizar.

A caça deve existir, mas impõe-se uma séria avaliação das espécies e a formação daqueles que primem o gatilho sempre que um ser vivo se encontre como alvo a abater.

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