Norberto Canha
Para mim, a liberdade é a capacidade de decidir, tomarmos como princípio orientador a equidade e, como conselheira, a consciência. Estava a tentar prosseguir, escrever sobre liberdade, quando me aproximei da televisão e oiço a notícia que o investimento em Portugal era lixo para os investidores. Mostravam um amontoado de lixo, que incluía desde embalagens, vidros, caixas, plásticos…
Chegados a isto, o que nos espera? O que devemos fazer?
A continuarmos na irresponsabilidade que nos tem regido, desde o 26 de Abril até ao momento, só nos resta o desespero, a desilusão, o descrédito… o não saber que caminho percorrer, o não saber que fazer, porque não há meios para fazer.
O capital internacional – quer dos capitalistas, quer dos materialistas dialécticos – tem alguma coisa parecida com o sadismo – em ver os outros de joelhos, mãos postas a implorar as suas graças, migalhas ou misericórdias. Não querem gente livre, querem subserviência para emanarem no caos como salvadores. Em vez de ajudar, espezinham para cada vez mais se atolarem e não se poderem erguer. É esse o estatuto do democrata, é esse o pregão do engana tolos.
Foi prevendo tudo isto que, há muitos anos, sendo eu presidente de uma Assembleia Municipal de uma Câmara e de uma Cooperativa, como tendo sido dos primeiros que conjuntamente com D. João Saraiva (Bispo de Coimbra) e o Padre Sousa, da Cáritas Diocesana de Coimbra, prestámos ajuda aos retornados – que voltavam sem nada, mesmo nada. No estatuto de convidado para um mini-conselho de ministros realizado na Estalagem do Caçador em Macedo de Cavaleiros, contrariamente à opinião prevalente, alertei para a necessidade da agricultura não pagar impostos e que a agricultura era uma actividade estrutural, fundamental, básica e, por isso, não podia ser deixada à ambição dos poderosos. Defendi, igualmente, que as estruturas existentes deveriam ser rentabilizadas.
Fui escutado, mas vingou o não escutado. E de dependência total é a situação em que nos encontramos.
Não foi por acaso que mandei aos partidos durante a campanha eleitoral, um livro, sem grande preparação e em formato electrónico – “Amar Portugal, apelo ao senso, à verdade e ao reconhecimento, contas aos meus netos”. Nele consta o que se deve fazer. Não nos demos como vencidos. Despertemos. Vamos vencer. Surge assim, o que vamos fazer.
O que vamos fazer? Melhor! O que deve ser feito!
– Todos ao trabalho, até ao limite das nossas capacidades, enquanto há possibilidades.
– Fim às greves – anárquicas, políticas, irresponsáveis:
– Energias excedentárias dirigidas à renovação e reconstrução do país e produção e aplicação das energias alimentares, electromagnéticas e inovação.
– Fim à prevalência dos direitos sobre os deveres. Quem cumpre escrupulosamente os deveres raramente tem de exercer os direitos.
– Fim à burocracia asfixiante que irresponsabiliza as pessoas e só serve para acrescentar nova burocracia à existente, limita a decisão e acrescenta despesa à improdutividade. E leva nos a questionar a nossa realidade.
Eu que só sei fazer isto, que vou fazer?
Empenhas-te para aprender e fazer novos trabalhos. Mas os cofres dos empreendedores estão vazios – seja o Estado ou o Privado. Mas não há que ter medo de fazer outros trabalhos.
Todo o trabalho é digno!
Remova-se o lixo que nos emporcalha. Acredito que temos todas as condições para levar adiante a nossa vontade de vencer.
Vamos a isso!