OCC: Entusiasmo confiança (I)

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Emília Cabral Martins

A Orquestra Clássica do Centro é uma orquestra profissional com sede em Coimbra, e que conta já com 10 anos de actividade ininterrupta. Três palavras definem o nosso percurso: determinação, entusiasmo e confiança na ideia de que o projecto que defendemos é fundamental para a Cidade, para a Região, para as Pessoas.

Não vou falar de todos os concertos que a OCC fez ao longo destes anos um pouco por todo o país; (mas) recordo tão só, os últimos dois meses de trabalho: Lisboa, Sesimbra, Porto, Maia, Ovar, Europarque. Não vou falar das outras actividades que tem desenvolvido enquanto associação (conferências, workshops, concursos, orquestras amadoras, actividades com escolas, exposições, festivais). Não vou falar de como tem sido difícil gerir este projecto (do ponto de vista financeiro, da necessidade de coordenar equipas, programas, promoção). Temos sido executantes, como também programadores, a custos ridículos, mas sempre com um objectivo: promover o projecto na cidade e na Música, e a Cultura na cidade e na região. Temos tido um papel empreendedor? Talvez. Temos tido alguma criatividade e capacidade de inovação? Acho que sim! Sobrevivemos há 10 anos! Também não vou falar da gestão do Pavilhão Centro de Portugal (sede da OCC) desde a assinatura do protocolo com a CMC (10 de Junho de 2009), onde temos vindo a desenvolver uma actividade diária. Temos esta “nossa” casa sempre aberta a iniciativas com as mais diversas instituições/associações, como por exemplo: Acreditar; Hepaturix; Luta contra o cancro; APPC; APPACDM; Integrar; AMI.

Do Ministério da Cultura temos recebido, de quando em vez “apoios pontuais “. É tão longa a nossa existência, quanto o é a luta pelo apoio do MC. É sabido que só em Lisboa existem várias orquestra sinfónicas. Apetece perguntar por que razão não existe uma única no Centro? Verdade que Aveiro tem uma Orquestra com formação de Câmara , apoiada pelo MC e muito bem. Mas se o MC não admite, ou não pode apoiar, 2 orquestras no Centro, sendo certo que as duas juntas não fazem uma sinfónica, então por que razões noutras áreas da cultura não há esse escrúpulo, e se apoia mais do que um grupo dentro da mesma área de acção? Qual a razão de não olhar um pouco mais e melhor para a Orquestra, que um pouco por todo o País tem gerado o prazer e a vontade de mais música ouvir e fazer? Quem estabelece os critérios, e quais os valores em que os fundamenta? Não é a cultura um factor importante de desenvolvimento dos povos? Não têm os nossos governantes a obrigação de promover a cultura/desenvolvimento? A música não integra o conceito de Cultura de quem governa? É mais forte a vontade de ignorar, do que aquela de acarinhar projectos como este? Permitam-me o desabafo: acho que governar não é só gerir interesses instalados ou interesses dos instalados. Governar é abrir portas, horizontes, propor caminhos para que quem é governado os trilhe na descoberta de si mesmo e do progresso que a todos beneficiará, é apoiar a ânsia de “ir”, de “criar”, de “inovar”, para que o futuro se torne uma meta colectiva possível, para que se caminhe com confiança, rumo ao desenvolvimento que todos proclamamos e defendemos, e que tornará a vida mais sustentável, mais aceitável, mais digna. Dez anos passaram, e fazendo o balanço das muitas e muitas horas de acção, concluimos que: “Lisboa” vai-nos reconhecendo…. mas é urgente que olhe melhor e mais atentamente para nós, OCC, para o Centro, para Coimbra que quer ser , que vai sendo, claramente, “capital” do conhecimento e que quer ser, como já o é há séculos, cidade de Cultura.

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