Não foram tomadas medidas para recolocar Coimbra no mapa

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Foto Luís Carregã

Que expetativas tem para estas eleições?

Fundamentalmente, que haja uma boa votação, que a taxa de abstenção desça e, quanto ao CDS-PP, a esperança é de aumento de votação.

Falar num segundo deputado é utopia?

Não julgo que seja utopia. Mas temos sempre de começar pelo princípio. As pessoas não podem já pensar que o primeiro deputado está eleito. Acho que isso pode criar algum facilitismo no nosso eleitorado. O Serpa Oliva só está eleito quando tiver o número de votos suficientes para ser eleito.

Esse discurso advém do facto do distrito ter perdido um deputado?

Exatamente. Embora eu tenha ficado em 9.º lugar, a margem de manobra não é muito grande. Acho que a mobilização do eleitorado do CDS deve ser feita no sentido de que é importante continuar a ter uma voz do CDS no Parlamento. Como tal, não faz nenhum sentido votar útil.

As sondagens apontam Paulo Portas como o terceiro líder mais votado. Isso ajudá-lo-á ou a votação que vier a obter resulta de uma avaliação do seu trabalho?

O dr. Paulo Portas será uma mais-valia incomensurável. Mas essa mais-valia pode ser complementada com o meu trabalho. Sou uma pessoa independente, livre de quaisquer pressões e, mais importante, os nossos eleitores podem contar com a solidariedade do grupo parlamentar a que pertenço. Grupo esse que gostaria de continuar a contar com a minha presença.

No contato direto com o eleitorado, ele reconhece-o pelo trabalho desenvolvido?

Às vezes, penso que sim; outras vezes, digo que não. Apesar de ter estado nalgumas causas nacionais e regionais, o que é certo é que não estive num palco mediático onde se jogam muito mais as questões políticas. Defendi sempre o distrito e o que achei ser fundamental para o seu desenvolvimento. E bastava ler a minha coluna no DIÁRIO AS BEIRAS para se ver logo que as minhas crónicas foram sempre pela positiva, mas reconheço que o distrito não tem o conhecimento da minha pessoa como tem do líder do meu partido ou de outros dirigentes partidários nacionais.

Isso é um embaraço na campanha?

Nada disso. Porque, ao mesmo tempo, tenho tido o reconhecimento de muitas pessoas que me conhecem como ex-profissional, apesar de continuar ligado à minha profissão. Acho que há um desencanto, uma forte repulsa em relação a José Sócrates e que isso é transportado para todos os políticos. O meu receio é que os eleitores não consigam distinguir quem são os principais responsáveis pelo atual estado da Nação.

A governação de José Sócrates no distrito agradou-o?

O engenheiro Sócrates não gosta de nós. E nunca percebi bem porquê. Se algum dia tiver essa possibilidade, gostaria de lhe perguntar as razões. Mas confirmo que o distrito tem mais do que razões de sobra para ter queixas do atual Governo. Não houve nenhuma medida essencial que tenha demonstrado vontade de recolocar Coimbra no mapa.

Um ou dois exemplos…

O Metro Mondego, em primeiro lugar. É uma verdadeira afronta nacional. É bom que se perceba que levar uma causa regional ao Parlamento não é tão simples quanto se pensa. As causas só são nacionais e são discutidas quando têm um contexto nacional. O que aconteceu neste caso com o líder do CDS-PP. E sabe porquê? Porque, no caso do Metro, estava em causa a seriedade do Estado. Depois, o desassoreamento do rio Mondego e a construção da mini-hídrica perto de Penacova. Uma decisão que coloca em causa o turismo e os funcionários das empresas.

Que outras ideias-chave tem Serpa Oliva para esta campanha?

O Porto da Figueira da Foz. Parece-me que tem de passar a ser, de novo, gerido na Figueira da Foz ao invés da atual situação. A questão do IC6. Faz-me pena ver aquele IC6 cortado na zona de Tábua e depois obrigar os automobilistas a demorarem 30 minutos para fazerem 16 quilómetros. Depois, todo um distrito que tem condições fabulosas de desenvolvimento, ao nível turístico e ao nível empresarial. Neste âmbito, queria aqui deixar uma palavra de solidariedade relativamente à Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital. Uma escola que não pode nem deve fechar as portas. Penso que a solução passará por desenvolver os pólos de atração do distrito no sentido de serem uma mais valia no futuro de Portugal.

Que opinião tem sobre a fusão dos hospitais?

É uma questão delicada. Mas uma coisa é certa: como está a ser aplicada, é uma má solução. Estou à vontade para lhe dizer isso, porque desafiei a ministra da Saúde em todas as reuniões da Comissão de Saúde para que me explicasse as razões desta decisão. Desde o início que lhe disse que é necessário discutir o tema através da realização de um fórum onde participarão as pessoas e os profissionais envolvidos nesta questão. Nunca vi da senhora ministra essa recetividade para dar início a um grande fórum de discussão sobre o tema.

Mas, na sua opinião, o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra tem “pernas para andar”?

Tenho medo e receio de que, caso a fusão avance, isto possa vir a diminuir a importância destas unidades de excelência na capital da saúde. Um título que tem de ser mantido a todo o custo.

Tem sido bastante crítico em relação à construção da mini-hídrica. Porquê?

Porque é mais um erro crasso do governo socialista. Primeiro, porque se tomou uma decisão sem que se conheça a realidade. Depois, porque em tempos de austeridade, ao tomarmos uma decisão como esta desperdiçamos dinheiro. Falo, é claro, da escada de peixe quase concluída no açude ponte. Este despesismo permanente do Estado não faz sentido nenhum.

Que temas gostaria de ver tratados nesta campanha?

A Baixa, por exemplo. Tem de ser recuperada. Com que verbas? Com parte dos dinheiros que estão afetados ao TGV e que, na opinião do CDS, não deve ir para a frente. Depois, a parte empresarial. Eu acho que tem sido feito um esforço, ao nível distrital, para melhorar o panorama, mas tem de ser feita mais alguma coisa no sentido de descobrirmos e percebermos porque é que algumas grandes empresas continuam a “fugir” daqui. Temos todas as condições de as receber. Assim haja vontade dos organismos oficiais…

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