Seiscentos poemas, de 180 autores, figuram na “Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial”, organizada pelos investigadores Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi, que será apresentada esta quarta-feira (15), em Lisboa.
A par de um conjunto de poetas consagrados que se inspiraram no tema, ou vivenciaram a guerra colonial, a obra mostra um grande número de autores que tinham os seus poemas dispersos pela imprensa regional, revistas, publicações militares ou nas pouco divulgadas edições de autor.
“Foi uma surpresa saber que Jorge de Sena ou Paulo Quintela escreveram sobre a guerra colonial”, disse Margarida Calafate Ribeiro à agência Lusa, reconhecendo qualidade “também nos textos de autores desconhecidos”.
Na sua perspetiva, trata-se de um importante documento poético, onde “à temática esperada”, comum a qualquer antologia do género, se juntam temas específicas deste conflito armado nas antigas colónias portuguesas.
“É um grande documento da fragilidade humana”, considera, acrescentando que são expressos sobretudo sentimentos de dor da guerra, mas também de impossibilidade de partilha, incompreensão, nas mais variadas formas poéticas.
“Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial”, editada com a chancela das Edições Afrontamento, mas organizada no âmbito de um projeto de investigação do Centro de Estudos Social (CES) da Universidade de Coimbra, reúne poemas escritos logo no início da guerra colonial, em 1961, nomeadamente da autoria de Fernando Assis Pacheco, na altura jovem militar mobilizado.
Nela se encontram criações de outros poetas consagrados como Manuel Alegre, Casimiro de Brito ou Gastão Cruz.