Norberto Canha
Ainda não nos mentalizamos para a penosa realidade de que quem serve a estrutura do Estado, a sua sombra não vai além da projectada num dia de sol, hora solar, ao meio-dia.
Como é que há-de haver ambição se já estão governados, é só manter. Como é que há-de haver ambição e coordenação se quem hoje serve os partidos políticos, a sua experiência de vida não vai além da leitura dos catecismos políticos e dos discursos exaltados e imponderados de quem os tutela e prefere. E se a tudo isso acrescentarmos os condimentos da ambição política e de ocupação de cargos públicos, sempre sem consenso para o que não estão preparados, temos o retrato imediato de onde estamos. Meus senhores, a situação é demasiado grave para que se fale em regalias e direitos, quando as palavras de ordem salvadoras deverão ser deveres, deveres, cumprimento escrupuloso dos nossos deveres; os direitos que agora terão que se moderar ou apagar. Do cumprimento exaltado dos deveres nascerá ou renascerá a água cristalina que alimentará os futuros direitos. Do equilibro entre os deveres e os direitos surgirá e alimentar-se-á o nosso bem estar. É este o caminho.
Mas para sair da crise em que a insanidade da estrutura do Estado nos lançou, haja presente, que essa crise só se vencerá se atendermos à tríade: importar, produzir, exportar.
Se se atender a esta tríade não será tarde!
Importar apenas o estritamente necessário e que nós não possamos produzir. Produzir de tudo para aproveitamento dos recursos naturais, inaproveitados e para criamos mais recursos e aproveitamentos que permitam o equilíbrio com o importado. E o grande objectivo é que o produzido exceda o importado. Sacrifícios, trabalho, imaginação, criatividade, verdade, fraternidade, inovação será a receita – e que receitamos.
Interrompo para transcrever com vénia, parte do discurso que o Presidente Cavaco Silva proferiu nas comemorações dos 200 anos da Batalha do Buçaco, em 27 de Setembro de 2010. Eu diria: Povo português. Ele disse: “Soldados de Portugal.
O exército que invadiu a nossa terra está a subir as encostas desta serra. Dentro de minutos vamos combatê-lo sem quartel. E vamos vencer. Temos de vencer, porque nós não combatemos para conquistar, Mara para não sermos conquistados.
Nós não combatemos para invadir, mas para obrigar o invasor a retroceder.
Nós não combatemos para mudar os outros, Mara para que não nos mudem a nós pela força.
Lutaremos como os nossos antepassados lutaram. Lutaremos como lutarão os Portugueses do futuro.
Porque nós combatemos para defender a nossa Pátria. Combatemos para defender a nossa terra. Combatemos para defender os nossos filhos e as nossas famílias.
Defendemos a nossa vida, a nossa maneira de viver, produto deste encontro feliz entre a terra, o sol e o mar, que deu ao mundo uma história gloriosa e uma língua universal.
Defendemos a nossa sobrevivência como Nação soberana, para que possamos continuar a ser quem somos e a ter o direito de agir de acordo com a nossa vontade.
Defendemos, em suma, a nossa liberdade.
Por isso, vamos vencer”.