“A relação entre a câmara e o PS deve ser mais próxima e mais aprofundada”, defende António João Paredes

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António João Paredes diz que desistiu da candidatura ao terceiro mandato de líder da Concelhia do PS da Figueira da Foz porque “o processo estava inquinado”.

 

 

Quem é o seu candidato à liderança nacional do PS?

 

Vou apoiar António José Seguro, é uma pessoa da minha geração. Por outro lado, é a pessoa que neste momento consegue estar melhor posicionada para exercer o cargo com maior distanciamento face ao ciclo de José Sócrates. Francisco Assis está muito ligado ao ciclo que se encerra, e é necessário iniciar um novo ciclo e recuperar alguns atores que têm estado de fora e, por outro lado, trazer novos elementos para a política ativa.

 

João Portugal (seu sucessor) está a ser um bom líder concelhio?

 

Ainda é cedo para fazer uma avaliação global ao seu desempenho. De qualquer forma, por aquilo que vou acompanhando e lendo, penso que tem estado em sintonia e em articulação com o executivo camarário (do PS). Este processo deve ser mais aprofundado, pelas duas partes.

 

Mas o trabalho do líder local não se esgota na relação com o executivo municipal…

 

É claro que não. Há outros assuntos e outras instituições com quem o presidente da Concelhia do PS deve fazer um trabalho político. João Portugal está numa situação privilegiada porque é deputado- embora tenha sido eleito pelo círculo de Coimbra, defende a Figueira da Foz. Para já, faço um balanço positivo. (Mas) penso que a relação entre a câmara e o partido deve ser mais próxima e mais aprofundada.

 

Acha que o dossiê Carlos Monteiro/Figueira Domus foi politicamente bem conduzido?

 

É um dossiê em relação ao qual não tenho toda a informação para me poder pronunciar. No entanto, a política é a arte do possível. Não sei se a condução política foi a melhor ou não, o que acho é que era desejável que essa situação não tivesse acontecido, principalmente para bem do executivo e do PS. Não sei de que forma poderia ter sido evitada, porque desconheço as suas causas. Contudo, acho que deve haver uma aproximação maior entre o partido e o executivo e tentar aprofundar melhor estes casos, para que não se repitam no futuro. Mas o PS e o executivo souberam superar a situação.

 

Por que razão desistiu da recandidatura à Concelhia da Figueira da Foz?

 

Essencialmente, desisti porque achei que o processo estava inquinado, havia falta de transparência e, como tal, não era de bom-tom ganhar a Concelhia e estarmos com esses processos que se podiam repetir e criar um foco de tensão também com os órgãos nacionais. Por outro lado, depois de uma reflexão mais profunda, entendi que talvez outros atores pudessem conviver melhor com o projeto camarário, porque tinha havido alguma clivagem, podia trazer algum mal-estar e eu não queria ser, de todo, um obstáculo ao normal funcionamento da gestão do executivo do PS. Orgulho-me muito de ter no meu currículo o facto de ter sido o presidente da Concelhia da Figueira da Foz que recuperou o poder autárquico para o partido, e isso ninguém me pode retirar, assim como a escolha do atual presidente da câmara (como candidato). Isso deixa-me bastante feliz, por mais que custe a algumas pessoas…

 

Muitas pessoas do seu partido disseram que desistiu a favor de um emprego que o partido lhe arranjou.

 

Ao final de alguns anos de andar na política, quase que já criámos um antibiótico para esse tipo de situações. Quando há falta de argumentos melhores, então ataca-se pela questão pessoal. Não sou político-dependente, tenho uma profissão, tenho uma formação e não preciso de tachos, de lugares. Já tinha sido convidado antes das eleições autárquicas para continuar a trabalhar com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde Manuel Pizarro, com quem trabalhei e de quem fui assessor.

 

Para quando o seu regresso à política ativa?

 

Como dizia Aguiar de Carvalho (antigo presidente da Câmara da Figueira da Foz, do PS, entretanto falecido), “um político nunca se reforma…”. Não sei. Para já, a curto prazo, não está nos meus horizontes regressar à política ativa.

 

Mantém que o executivo municipal da Figueira da Foz corre o risco de ser o pior de sempre, se não mudar de rumo?

 

Disse isso num certo contexto, numa avaliação que fiz naquele momento. Se não mudou totalmente de rumo, pelo menos em algumas situações, os factos falam por si.

 

Que factos são esses?

 

Por exemplo, as empresas municipais. Está a encontrar formas para, gradualmente, ir encerrando as empresas. (…) Às vezes, as ações não têm a velocidade que desejamos, mas é importante que elas se façam. O Plano de Saneamento Financeiro, que é extremamente importante, é outro exemplo.

 

Foi convidado por João Ataíde para a lista da câmara?

 

Quando nos deslocámos a Lisboa para o apresentar como candidato a Miranda Calha, tivemos uma conversa. (João Ataíde) perguntou-me se estava interessados em fazer parte da lista e disse-lhe que não fazia questão de ir na lista e que havia outras pessoas mais disponíveis para a vereação. A menos que se tornasse imperativo é que fazia parte da lista. Ora, os insubstituíveis estão no cemitério…

 

Quem tramou Luís Tovim (candidato do PS que não conseguiu ser eleito para a mesa da Assembleia Municipal)?

 

É caso para perguntar: quem tramou (Fernando) Nobre…? Na altura, e de uma forma irresponsável, quiseram atribuir-me o ónus daquilo que aconteceu a Luís Tovim: se eu o não quisesse como candidato à Assembleia Municipal, teria, nos órgãos próprios, discordado, e não me opus.

 

Nas próximas eleições autárquicas, o PS deve avançar com um militante à Assembleia Municipal?

 

É desejável que haja um equilíbrio maior entre o candidato à câmara e o candidato à assembleia. Se o candidato à assembleia for independente, o candidato à câmara deve ser militante. Mas, à partida, João Ataíde, deve recandidatar-se. Seria inédito que não lhe fosse dada a oportunidade de fazer o segundo mandato, a não ser que o próprio não queira.

Esta entrevista pode ser ouvida na íntegra no programa “Clube Privado” da Foz do Mondego Rádio (99.1FM), às 19H00 de hoje, 24, e de amanhã e às 22H00 de domingo.

 

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