Aires Antunes Diniz
Agora que nos preparamos para celebrar o Dia da Criança é tempo de nos lembrarmos das condições que temos, ou melhor, devíamos ter. Devíamos comparar a nossa situação com a de Cuba, o melhor país do hemisfério sul para ser mãe… sendo o ocupado Afeganistão o pior país do mundo, segundo a organização não governamental “Save the Children”. Esta ONG põe a Noruega em primeiro lugar, seguindo-se a Austrália, Islândia, Suécia, Dinamarca, Nova Zelândia e Finlândia. Fá-lo medindo dez factores relacionados com o status educativo, saúde, económico e político das progenitoras e o bem-estar básico dos filhos. Informa-me o Facebook.
Infelizmente, em Portugal, as crianças são as primeiras a serem atacadas quando se trata de “poupar” para salvar uns bancos geridos desleixada e criminosamente. Mas, antes não era assim pois na história de uma guerra medieval, escrevia-se: “São os fedelhos de Coimbra! – anunciou alguém na vanguarda, num brado de risonho alvoroço”, dando as boas vindas às crianças.
Infelizmente, agora, como sinal de tempos de irresponsabilidade social, cortam-se os abonos de família em nome da austeridade, enquanto bancos e grandes empresas dividem os lucros antes do seu apuramento no fim do exercício. De facto, a PT decidiu e informou em comunicado logo em 3 de Novembro de 2010 pagar “um dividendo excepcional de 1,65 euros por acção, do qual 1,00 euro por acção será pago em Dezembro de 2010 (como adiantamento dos lucros de 2010)”, furtando-se assim à aplicação do orçamento de Estado de 2011. Tentou contrariar esta insensatez o PCP, pois os lucros só podem ser determinados no final do ano tal como manda a regra da prudência contabilística. Depois, “com uma “chuva” de declarações de voto na bancada do PS, duas abstenções e um voto a favor, … o projecto de lei do PCP para travar a distribuição antecipada de dividendos foi chumbado com os votos contra do PS, do PSD e do CDS” (www.publico.pt, acesso em 17 de Maio). Mostrava assim o PS a sua má consciência, mas os banqueiros precisavam mesmo muito de dinheiro. Fizeram-no os partidos do poder em nome da defesa da nossa competitividade fiscal e, para compensar o buraco orçamental, os abonos das crianças desapareceram.
Pensa muita gente que a Troika Externa (FMI/BCE/EU) foi de uma ingenuidade notável por pensar que os nossos governantes eram só inaptos. Nós sabemos bem que não são só isso. São de uma irresponsabilidade social atroz que põe em perigo a qualidade de vida das crianças e dificulta a vida das mães e… dos pais.
E neste momento em que comemoramos o Dia da Criança devemos pensar a sério nelas. Votemos bem no dia 5 para que tenham um futuro melhor.
1 Henrique Lopes de Mendonça – Argueiros e Cavaleiros, Portugal-Brasil, Lisboa, p. 35