Norberto Canha
Ao ver, um dias destes, uma multidão, com bandeiras verdes e vermelhas, nacionais, no decurso do congresso socialista e ouvir os aplausos, ver alguns dos abraços e os discursos inflamados, sobretudo do secretário-geral do Partido Socialista, e nosso primeiro-ministro, não pude deixar de exclamar e quase chorar da ingratidão manifesta para com um partido e um primeiro-ministro que tanto tinham feito por cada um de nós e pelo nosso querido país.
Acordei deste delírio, meu e deles, quando me veio à memória:
– Que aquela bandeira já tinha sido espezinhada;
– Que um punho fechado, já tinha exclamado: – “Nem mais um soldado para as Colónias”! E com isso perdeu-se a autoridade do Estado;
– Que o meu amigo, que chegou a ser figura cimeira do Estado, ainda nos primórdios do 25 de Abril, me disse: – “O Partido Socialista tem uma capacidade invulgar para ganhar as eleições, depois, não sabe o que fazer do poder”.
E essa incapacidade de não saber o que fazer é patente e é responsável pela situação em que nos encontramos – de gastar acima das posses – e da irresponsabilidade de atribuir as culpas aos outros. Ele que não tem uma saída para a crise, nem do seu mandato se espera qualquer solução. Apenas propaganda enganosa, querer que se acredite, naquilo que ele e eles já não acreditam e não manifestam ou têm como fazê-lo.
Há solução, mas nunca com ele. Ele é uma memória do passado.
– Ruína e desassossego. Procure-se outro caminho! Que o partido encontre outro camarada! Se não estamos perdidos!
Esse camarada – ou o camarada que lhe suceder – tem que ter senso e conhecimentos; conhecimentos vividos, não importados dos homens e das coisas – coisa que este não tem:
– Tem que ter humildade para ouvir, interiorizar, seleccionar para poder instruir e decidir, que não tem;
– tem que ter o sentido da gratidão para quem o ajuda, aconselhe… contradiz, se esse é o pensar de quem o faz… que não tem;
– Tem que ouvir e escutar as partes, estudar os dossiers (servir-se do senso para decidir… que não usa ou não tem).
– Tem que ser leal, frontal e equitativo para merecer ser primeiro-ministro. É isto que se espera. É isto que se quer encontrar.
Vamos encontrar! Valha-nos isso! Para isso, vamos a isto!
Mas o aqui dito, é o que se espera de todos os partidos e de todos os que têm o poder nos partidos.
Ou isto… ou… já sabem o que vai acontecer…