Dar ordens na casa dos outros!

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Editorial: Eduarda Macário

É verdade que só um sacrifício coletivo pode salvar Portugal. Se isso significa trabalhar mais, cortar nalguns pequenos prazeres, manter um carro durante uma dúzia de anos ou mais, cortar nos gastos de casa, andar de boleia ou de transportes públicos; reutilizar as roupas de outros tempos, aprender a fazer sopa – que é meio sustento -, regressar à agricultura e produzir para o país, já não é novidade para muitos portugueses. Mas cada um, em sua casa, é que deve saber o que cortar e onde cortar. O mesmo se deve passar em relação aos países que, embora integrando uma grande comunidade, não devem perder a capacidade de decisão, mesmo empenhados até às orelhas. E ninguém deve ter a veleidade de impôr regras em casa alheia. Angela Merkel deve falar da realidade do seu país: vive melhor e não tem dívidas. Parabéns. Provavelmente, porque o país teve homens e mulheres que souberam fazer as escolhas certas e que permitem, também a ela, dar lições de moral. Mas, se Merkel quer propor o princípio da unificação ao nível da Europa, não deve esquecer-se de outras realidades que cavam um enorme fosso entre os dois países. Diz a chanceler que todos temos de fazer um esforço. Cem por cento de acordo. Mas quererá a senhora fazer outras comparações? Os salários mínimos, as reformas, os impostos que se pagam na compra de alguns bens? Os benefícios sociais, nomeadamente, para quem trabalha e tem filhos. Perdeu uma boa oportunidade! Portugal está endividado. É verdade. Mas se tiver responsáveis à altura consegue levantar-se. Não serão cinco dias de férias a fazer a diferença. Mas a senhora Merkel esquece-se que no seu país, as férias podem chegar a 30 dias úteis. E quem tem família a trabalhar na Alemanha, sabe do que se fala. Quanto à idade da reforma, ela ainda é de 65 anos nos dois países. Não é bonito querer o Deus para nós e o diabo para os outros…

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