A cidade de Coimbra evoca, esta quinta-feira (26), os 900 anos da outorga do Foral pelo Conde D. Henrique e por D. Teresa, que a reconhece juridicamente como concelho, embora a sua origem se situe há mais de dois milénios.
O documento datado de 26 de maio de 1111 é o primeiro que inequivocamente lhe atribui o estatuto de concelho, existindo um “foral rudimentar”, de 1085, de Afonso VI de Leão e Castela, que ratifica os privilégios que tinham os homens de Coimbra, na altura governados pelo moçárabe Sesnando.
Maria Helena da Cruz Coelho, docente da Faculdade de Letras de Coimbra, que profere, esta quinta-feira, uma comunicação na sessão solene de abertura das comemorações, assume também a investigação que no próximo ano se traduzirá no lançamento de uma obra sobre os forais da cidade.
Além daqueles dois documentos jurídicos, a investigadora estudará as Posturas de Coimbra, de 1145, o Foral novo de Coimbra, de 1179, ambos de D. Afonso Henriques, e o Foral de D. Manuel, de 1516. “É uma memória municipal muito importante para Coimbra, embora o seu passado seja muito mais remoto, e haja memórias desde os tempos romanos, se não anteriores”, sublinha.
O maior símbolo da antiguidade de Coimbra é o Criptopórtico Romano, que sustentava o Fórum da Aeminium, do século I D.C, e não existem estudos consistentes sobre povoamentos anteriores, embora essas hipóteses sejam colocadas com insistência. “Pretendemos tornar públicos, de forma atualizada e mais próxima dos leitores, documentos de grande importância histórica” para Coimbra e Portugal, diz.
Maria Helena da Cruz Coelho sublinha que estão em causa documentos jurídicos dos dois fundadores de Portugal, D. Henrique e D. Afonso Henriques, e de D. Manuel, do reinado dos impérios da Índia e Brasil. Na sua perspetiva, uma das novidades que o seu estudo pode trazer é fazer “uma interpretação e reflexão atualizadas” e um novo enquadramento sobre esses documentos históricos.
“As obras onde estão publicados esses documentos são obras antigas, esgotadas, e os critérios da época não foram os mais fáceis”, observa, acrescentando que “o grande mérito” do seu estudo será também voltar a divulgá-los.
Comemorações duram um ano
Esta quinta-feira realiza-se a sessão solene das comemorações dos 900 anos do foral que foi outorgado a Coimbra pelo Conde D. Henrique e D. Teresa, em 26 de maio de 1111, mas o programa de eventos – a decorrer desde o início deste ano – encerra a 26 de maio de 2012.
Durante este período são evocadas outras efemérides – os 650 anos da transladação de Inês de Castro de Coimbra para Alcobaça, os 750 anos do nascimento de D. Dinis e os 800 anos das primeiras cortes em Coimbra.
Espetáculos musicais, de teatro, evocações históricas, recriação de tradições populares, exposições de artes plásticas, e eventos científicos são algumas áreas de intervenção deste programa, que encerra com a apresentação pública do estudo sobre os forais de Coimbra de Maria Helena da Cruz Coelho.
Dois momentos importantes vão acontecer em março de 2012, com a estreia mundial do Requiem a Inês de Castro, encomendado a Pedro Camacho, com interpretação da Orquestra Clássica do Centro e do seu coro (dia 25), e o Congresso Internacional Pedro e Inês: o futuro do passado”, em Coimbra, Bragança, Galiza e Alcobaça (de 26 a 31).