Cerca de meia centena de ex-trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) concentrou-se esta segunda-feira (16) em Viseu junto à Segurança Social para exigir melhor rastreio médico e indemnizações aos familiares de “mortos por doenças das minas”.
O presidente da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio, António Minhoto, disse à Lusa, durante o protesto, que “é urgente” proceder a exames médicos a todos os ex-trabalhadores e seus familiares como estipula a lei aprovada na Assembleia da República.
“Não podemos aceitar que, desde 2007, mais de mil ex-trabalhadores têm direito a rastreio médico para despistar doenças com origem nos longos anos de trabalho com urânio e só 18 ainda tenham sido devidamente examinados”, acusou António Minhoto.
A luta dos ex-trabalhadores da ENU e seus familiares, muitas viúvas, começou logo em 1991, quando surgiram os primeiros despedimentos, e continuou após 2001, ano em que as minas encerraram em definitivo com o fecho de armazéns e stocks.
Uma das principais reivindicações era o acesso à assistência médica, com destaque para os rastreios a tumores, e o acesso às reformas, exigência que foram conseguidas em 2007, através de projetos de lei aprovados no Parlamento, faltando neste momento, explicou António Minhoto, “a legitima reivindicação de indemnizações” abrangendo viúvas e outros familiares.
Desde junho de 2010 que a lei prevê que o Programa de Intervenção de Saúde, que existe desde 2007 mas apenas destinado aos antigos trabalhadores, fosse alargado aos familiares diretos.
Mas, alerta António Minhoto, “o programa não está a ser aplicado em todas as zonas do país onde residem beneficiários”. “Esta jornada de luta tem como objetivo, também, obrigar os partidos a definirem-se, porque a lei foi aprovada mas não está a ser cumprida. E que os partidos apresentem um projeto de lei que estipule o pagamento das indemnizações aos familiares”, apontou Minhoto.