Luís Vilar
O PEC IV foi chumbado, a Assembleia da República dissolvida, as eleições marcadas para 5 de Junho, o Presidente da República de cariz partidário, o Nobre que perdeu a nobreza da ideologia humanista, os partidos num afã para a escolha de candidatos, o PSD em campanha eleitoral pouco se importando com a troika financeira já em Portugal, o PCP e o BE preferem ficar na oposição, o CDS-PP em campanha realista e o PS com o seu Congresso Nacional, enfim um turbilhão de notícias e de querelas partidárias e inter-partidárias. Cavaco Silva demonstrou que não tem perfil de estadista uma vez que, sendo eleito Presidente, no seu discurso de tomada de posse, não soube ser magnânime e resolveu desencadear uma crise política que veio agravar ainda mais a crise financeira e económica, ficando agora refém do resultado que sair das urnas no próximo dia 5 de Junho.
Se as eleições legislativas deixarem quase tudo na mesma, significará que Cavaco Silva já não terá espaço de manobra para exercer o seu magistério de influência.
Passos Coelho demonstrou que afinal estava mesmo ávido de ir ao “pote”. E fê-lo sem qualquer perspicácia política, mais parecendo o “velho” líder da JSD.
Afirmou ter chumbado o PEC porque os portugueses já estavam com uma carga fiscal muito grande e, no dia a seguir, depois de ter conversado com Sarkosi e com Merkel, afirmou que o IVA aumentaria em 2%, sem conhecer a realidade financeira do País como hoje afirma
A seguir, qual já “1º Ministro”, começa a falar ao desbarato em privatizações indo ao ridículo de querer privatizar a CGD, emendando logo de seguida para dizer que era só para abrir ao investimento privado mas não ao seu controlo. Os seus mais directos seguidores já nem tempo têm de o aconselhar, tal é o afã para constituir listas e para “escolher” os membros do próximo governo.
Demonstrou a sua imaturidade, quando se esqueceu que não pode convidar Fernando Nobre em detrimento de outros militantes do PSD. Claro que o resultado foi o esperado e levou a nega (consequente mal estar) de muitos dirigentes do PSD. Começou a perder nas sondagens, estando hoje com um empate técnico.
É caso para dizer que já é o líder da “asneira”, uma vez que há um mês tudo indicava que tinha as eleições ganhas.
O PS e o seu Governo, ao contrário, têm feito o seu trabalho com humildade, respeitando o chumbo do PEC IV, fazendo um Congresso de Unidade com todos os ex-líderes, sem entrar na asneira permanente, pese embora o facto de Teixeira dos Santos ter ficado de fora das listas de deputados, significa que o PS está muito pouco tolerante, tanto mais que foi o rosto mais visível dos Governos PS na área da Finanças com créditos afirmados e aceites quer em Portugal quer na União Europeia.
Houve feridas pontuais mas que se foram resolvendo, deixando contudo aqui os dois únicos registos mais negativos na Federação de Coimbra:
1.Pela primeira vez, desde 1992, Coimbra perde de 7 a 9 membros nos órgãos nacionais do PS, o que naturalmente se regista com desagrado; 2.Não ter conseguido uma lista de candidatos que conseguisse mobilizar todo o PS/Coimbra, sabendo-se que a Federação está dividida, de acordo aliás com os resultados que se conhecem.