O antigo ministro da Economia Augusto Mateus disse, em Leiria, que se o país tivesse pedido ajuda externa há mais tempo estaria hoje em condições de fazer uma melhor negociação.
“Se não tivéssemos negado durante tanto tempo a necessidade de um auxílio externo, teríamos tido condições para fazer uma negociação muitíssimo mais bem feita e, sobretudo, teríamos tido condições para negociar aquilo que deve ser negociado e para não negociar aquilo que não deve ser negociado”, afirmou Augusto Mateus.
No final das Jornadas da Construção, iniciativa na qual se debateu o futuro do setor, o professor de Economia repetiu que Portugal é um país “soberano, democrático, construtor da União Europeia” e que os mecanismos que agora solicitou também ajudou a criar, defendendo que o país não tem que negociar tudo.
“Nós estamos a recorrer a um mecanismo de ajuda, do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, e é nesse quadro que temos que negociar”, disse, acrescentando: “Nós sabemos melhor como é que se aplicam medidas a Portugal do que qualquer outra entidade”.
Nesse sentido, o docente sustentou que o que o país tem que negociar “são caminhos, são compromissos aos quais Portugal se deva comprometer e respeitar, mas não coisas muito específicas”.
“Essas, nós temos mais capacidade do que outros para decidir”, considerou, defendendo que “o equilíbrio entre eficiência e equidade tem que ser muito mais português”.
Augusto Mateus reconheceu que o pacote de ajuda externa “resolve os problemas de necessidade de financiamento da economia por um período de dois, três anos”, mas lembrou: “O crescimento é de nossa conta, são as medidas de verdadeiras reformas estruturais, de verdadeira mobilização para bons investimentos e não maus investimentos, para racionalização do consumo, para poupança, que temos que induzir nos portugueses”.
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