Há poucos dias tive a sorte de encontrar num livro uma peça de teatro que me falava de um Portugal antigo, em que as mulheres andavam à cata de fidalgos ricos como forma de ultrapassar o velho problema da sobrevivência de cada dia. Uma delas falava dum deles, dizendo: “Conhecera-o em Coimbra…Ele vivia no seu solar de Penacova… E, quando morreu, em Penacova ficou…” Ao longo desta peça, há um momento em que falam de umas minas, as do Senhor Roubado, que deram origem a uma empresa mineira, em que alguns lorpas acreditam, transferindo através da bolsa, essa invenção capitalista, o seu dinheiro para as mulheres sabidas que a reinventaram para assegurarem um futuro risonho.
Trata-se de um negócio bem antigo que agora nos vem sendo comunicado através do Youtube e do Facebook, quebrando o poder das máquinas censurantes modernas. Sabemos assim que “O BPN custou-nos mais de 13 milhões de salários mínimos. E o povo, pá? “. Mas, não sei como calcularam este custo. Nem sequer se usaram o salário mínimo de 485€ ou de 475€ ou de 500€. Nem sei sequer se calcularam quantos ricos se “fabricaram” com este montante. Sei que ninguém quer calcular o número e pobres e miseráveis que sobraram. Sabemos apenas que os portugueses estão já a cortar na alimentação. Espero que só fiquem menos obesos. Mas, infelizmente, sei que alguns já estão a passar fome. Ou pior, sempre estiveram e agora tudo piorou sem que tenhamos qualquer esperança de um tempo melhor.
Talvez não!?
De facto, as eleições que iremos ter vão lançar os dados do nosso destino de novo. Mas, sabemos que Deus não joga o nosso destino aos dados. Avisou-nos Albert Einstein. E nós, seguindo-lhe o exemplo não o devemos fazer.
De facto, o mundo físico e também o mundo económico seguem regras que não podemos nem devemos esquecer. Também a vida social segue regras que se assemelham em muito às regras de bom senso sustentadas nas regras da matemática, ou melhor da aritmética. Na verdade, a teoria económica nada mais é que bom senso transformado em comportamento racional – disse-nos algures John Dewey.
E os portugueses esquecem-no sempre. Uns porque dizem que qualquer roubo ou furto não é com eles. Também não controlam nem querem monitorizar democraticamente os comportamentos perversos dos eleitos. Outros transferem para outros o encargo de decidirem por eles. Não pensam sequer em eleger os melhores. Aceitam todos os sacrifícios que lhes são impostos sem em nada os questionarem. Deixam assim de ser autónomos. E no fim, ficam logrados e impossibilitados de terem uma vida digna. E pior ainda, ficamos todos mal e entregues a uma vida sem sentido.
Fica-nos só o sentimento de que temos de ter o necessário sobressalto cívico. Avisam-nos. Sigamos este conselho sensato. Com firmeza e esperança.
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