O Tribunal Judicial de Leiria começa hoje (2) a julgar um casal acusado dos crimes de falsificação de documento e burla qualificada no valor de 2,1 milhões de euros, de que terá sido vítima o grupo empresarial Beatriz Godinho, no ano de 2008.
Aquela verba destinava-se à aquisição de uma farmácia, à construção de um laboratório e à participação num projeto de construção de uma clínica/hospital na República Dominicana, investimentos que nunca se terão concretizado.
No despacho de acusação, o Ministério Público (MP) sustenta que o casal atuou “em comunhão de esforços, levando à prática de um plano que previamente haviam gizado, visando apoderar-se de valores que seriam entregues por elementos ligados” ao grupo Beatriz Godinho, neste caso um sócio e um gestor.
Segundo o documento, foi a arguida que iniciou os contactos que culminaram num encontro com um dos sócios do grupo, que trabalha na área da saúde. O MP acrescenta que nessa reunião, o ex-marido, que esteve foragido no Brasil, apresentou-se “como médico da Cruz Vermelha Internacional” e informou ainda que trabalhou no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
O arguido “não era médico nem nunca pertencera como médico à Cruz Vermelha Internacional”, refere o MP, defendendo que esta apresentação “inseria-se no estratagema montado por ambos”. Para que o convencimento fosse maior, o homem “dava conta da existência de ligações ministeriais, de facilidades no acesso a fundos de investimento local, referia a titularidade de negócios e grandes quantias monetárias sua pertença”.
O procurador-adjunto escreve que o casal obteve “ganhos avultados com as suas condutas, recebendo, em cerca de dois meses, o valor de 2,1 milhões de euros”.