Transiberiano VI – Yekaterinburg

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Gonçalo Capitão

Chegou hoje a altura de lhe dar umas notas de viagem sobre Yekaterinburgo, terra mais conhecida, nos dias que correm, por ter sido aquela que assistiu ao encarceramento e assassinato do último Czar, Nicolau II, e sua família.

Antes de irmos ao tema, comecemos, porém, por dizer que falamos da capital da região dos Urais que, dada a indústria ligada à Defesa aí situada, foi considerada “cidade fechada” pelos dirigentes soviéticos, até 1991. Aliás, os mesmos camaradas, mudaram o seu nome, de 1924 até 1991, para Sverdlovsk (de Yakov Sverdlov, homem de confiança de Lenine).

A partir de 1970, com a ascenção de Boris Ieltsin a chefe regional do Partido Comunista, muito do que era a cidade foi arrasado, incluindo a Casa Ipatyeva (onde os Romanov estiveram detidos e em cuja cave foram fuzilados, incluindo a Princesa Anastácia, ao contrário de mitos que circularam), por receio de que se tornasse local de culto. Acrescente-se, no entanto, que as teses mais benignas dizem que a ordem para a demolição veio, directamente, de Moscovo…

Como distracções, para além de, por exemplo, um excelente Museu de Artes (onde pontifica o magnífico pavilhão oriental em aço produzido pela industria local, e que foi galardoado na Exposição Universal de Paris, em 1900; a ver também o edifício dedicado ao movimento vanguardista merece uma visita), a Ópera da cidade providencia excelentes espectáculos de ópera, música clássica e ballet (foi a um destes que pude assistir).

Todavia, como seria de esperar, a cidade, que, no seu todo, é desfigurada por muitas chaminés de fábricas e por excessos próprios do construtivismo, gira em torno da família imperial. Assim, no local onde se situava a famigerada casa, ergue-se uma imponente igreja (Igreja do Sangue), que a mais de uma estátua e duas cruzes evocativas do assassinato, presta tributo aos novos santos da Rússia com aquele que se diz ser o mais caro ícone do País.

De relevo é também o Mosteiro dos Mártires Sagrados, em Ganina Yama, erigido pela Igreja Ortodoxa, no local para o qual os corpos dos Romanov foram transportados (hoje estão sepultados em São Petersburgo). O poço de mina onde os mesmos foram depositados e incinerados é hoje um lugar sagrado, assinalado com uma cruz, à volta da qual se circula (tal qual como no mausoléu de Lenine, numa estranha coincidência…).

Mas há mais!… Vários obeliscos assinalam a fronteira entre a Europa e a Ásia. O mais recente (e mais turístico) fica a 17 km da cidade, junto à auto-estrada, e o mais antigo (século XIX) a cerca de 40km. A visita combinada tem a sua graça, havendo agências turísticas que providenciam diplomas certificadores da sua presença.

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