Recordar é viver

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Victor Baptista

Há tempo para tudo e neste novo tempo ainda sou dos que mantenho alguma distância dos “indesejáveis amigos” em particular aqueles que aparentemente “amigos” nos fazem recordar Alzheimer e Parkinson que não fazendo parte dos vivos teimam em pressionar outros para o seu convívio. Enquanto poder resistirei, mais canelada menos canelada, continuarei a caminhada da dificuldade, mas nunca deixarei de ser o mesmo.

Após alguma reflexão tinha decidido deixar de escrever nos jornais de Coimbra, foram quase 17 anos de permanente intervenção. Admito algum cansaço e até uma maçada para não afirmar intolerância de alguns dos leitores. Tinha decidido descansar e passear, um prazer que teimam em mo retirar. Qual será o seu gozo uma vez que este não obedece nem cumpre necessariamente a teoria dos vasos comunicantes?

No 17.º aniversário do “Diário as Beiras” fizeram-me recordar… e como recordar é viver não deixararei de preencher com autenticidade e genuinidade o que falta. Permitam-me, falta realidade e verdade e por isso mesmo decidi escrever estas linhas. Início pela fotografia. Nesta a realidade é outra. Quem me dera, apesar dos cabelos brancos, com menos cerca de uma década. Quem me dera naquele tempo e juventude. Vamos ao texto, garantidamente escrito por um dos tais meus “amigos”, sempre prontos, acrescento, a tudo, muito simpáticos, até diria dispensar tanta deferência, tanta honra e distinção por a desmerecer! E porque desmereço não agradeço, mas permitam umas insignificantes correcções:

Assim:

GANHAR O PODER A PULSO – francamente nunca senti que tinha poder.

POLÍTICO ATIPICO ORIUNDO DE UMA ALDEIA DA PERIFERIA – Confesso que poderiam ter escrito de uma outra forma, mais genuína, por exemplo: oriundo de uma aldeia, lá das berças do mondego…

SUBIU A PULSO, FOI TRABALHADOR-ESTUDANTE E FUNCIONÁRIO DA CÂMARA – É verdade, mas permitam-me uma ligeira correcção de pequena monta: economista, contabilista, escriturário, director de serviços da Câmara, director delegado de serviços municipalizados, professor, gestor público, gestor no sector privado, empresário, governador civil, consultor de empresas, e ainda um dos muito poucos funcionários públicos a recorrer a uma licença sem vencimento e enveredar pelo sector privado etc. etc., como se vê até tinham muito por onde escolher, apenas a excepção de nenhum destes cargos infelizmente dever ao papá pelo facto de ter falecido quando ainda tinha tenra idade.

COM FAUSTO CORREIA, GANHOU O PARTIDO POR DENTRO E CONDUZIU-O, DEPOIS, COM MÃO-DE-FERRO, A UM ESTADO (A) CRITICO QUE O FEZ PERDER-SE EM COIMBRA…E EM LISBOA – Aqui muita calma… impõem-se correcções e de monta: ganhei de mãos dadas com o saudoso Fausto e sem ele. Nem sempre me apoiou. Ganhei por três vezes a concelhia e por três vezes a federação. Mas o que importa é ter ganho a sua consideração, o seu respeito e a sua amizade. Tenho muita saudade desses tempos. Humildemente, com honra, respeito e gratidão, não esqueci e perpetuei para sempre a sua memória na sede do PS.

Com mão de ferro nunca. Não movi nenhum processo disciplinar a qualquer militante socialista e disseram de mim e continuam a dizer o que querem nos jornais de Coimbra. No PS sempre houve liberdade de expressão e sempre a respeitei. Indiquem um único caso.

Bem… em nome da verdade poderiam ter escrito: Com Victor Baptista o PS passou de 5 para 9 presidências de Câmara. Ou, a reconquista da maioria de municípios no distrito. Ou ainda, ganhou duas legislativas e umas europeias.

E quanto ao estado (a)crítico… quem escreveu ou desconhece a realidade ou recebeu encomenda e que encomenda… todos sabem dos constantes debates que se fizeram com quase todos os membros do Governo, debates foram montes deles… e de toda a natureza. E ainda quanto ao ter-me perdido em Lisboa… Não, reencontrei-me ao ponto de não desejar regressar! A verdade é que enquanto Presidente da Federação tive voz em Lisboa e sempre defendi os interesses da Federação e do distrito de Coimbra. Assumi posição pública sobre a saída das direcções regionais, aliás muito incompreendido por ter opinião própria. Marquei presença nas questões locais e nacionais. Se provoquei incómodos foi em nome da história e do inconformismo que sempre caracterizou a Federação de Coimbra. Tudo isto apesar de saber do desgosto da “ guarda pretoriana”, mas nunca deixei de ser solidário com o governo.

Por último perdi a Federação não uma mas duas vezes. As duas em circunstância dúbias. Da primeira vez, por 86 votos, em que até existiram actas de eleição de secções que não abriram para votação, como em Meda de Mouros, no concelho de Tábua; ou ainda secções em que não tive nenhum voto mas militantes escreveram afirmando que tinham votado em mim, do concelho de Arganil. Apesar de tudo fiquei na altura silenciado para preservar a imagem do PS.

Quanto ao acto eleitoral recente é o que se sabe. Aguardo pelas decisões da Jurisdição e Tribunal Constitucional. Ainda não perdi. Não é mau perder. Sei ganhar e sei perder. É uma questão de princípio e de justiça. O que é de mais parece mal.

Aguardo que se cumpram os nos. 6 e 7 do artº.19 dos Estatutos do PS. Há uma diferença de 2 votos e há 29 votos brancos. Os Estatutos são claros. Quanto ao resto aguardo por decisões que tardam em chegar. Espero que se faça justiça e se não refugiem em formalidades. Os factos na generalidade são conhecidos, mas ainda hoje desconheço a fundamentação do recurso de meu opositor do qual resultou a decisão da Comissão de Jurisdição Nacional que revogou a decisão da Jurisdição Federativa. Então não existe o direito ao princípio do contraditório! E por isso mesmo requeri a nulidade da deliberação. Em todo o caso não haverá traumatismo: o que se teria passado uma vez que há 2 anos com 2036 votos ganhei com 60% e agora perdi com 2 262?

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