Os tempos e classificações do Rali Playas, que se realiza este fim-de-semana no Peru, a contar para o respetivo campeonato nacional, estão a ser processados do outro lado do Atlântico, em tempo real, pela Cronobandeira, empresa da Lousã especializada em cronometragem. “A grande novidade é que todos os equipamentos de cronometragem das classificativas estão ligados diretamente ao nosso servidor, aqui na Lousã”, explica o gerente da empresa, Mário Bandeira, acrescentando que os resultados ficam imediatamente disponíveis para consulta pela organização, equipas e pilotos que estão no local da prova. “Não são necessários computadores nos postos de controlo, visto todos os cronómetros possuírem ligação direta à internet”, sublinha o responsável, acrescentando que isto só é possível face ao nível de desenvolvimento dos equipamentos TAG-Timing, de que é representante em Portugal (Lousã) e agente para a comunidade de países lusófonos.

Tirando partido do desenvolvimento tecnológico das comunicações nos últimos anos, a empresa localizada numa vila portuguesa tem o controlo, ao segundo, de todas as operações da prova realizada no continente sul-americano.

Com cerca de década e meia de existência, a Cronobandeira surgiu da necessidade de prestar serviço em várias provas de todo-o-terreno e motocross que na altura se realizavam frequentemente na Serra da Lousã, por iniciativa do Montanha Clube.

Mário Bandeira recorda que, “na altura, começamos a procurar equipamentos adequados e fomos bater à porta da TAG”. Começando como cliente, a parceria com a multinacional suíça foi evoluindo ao longo dos anos, até que Mário Bandeira foi convidado a assistir às operações de cronometragem da Fórmula 1 no Estoril.Nos últimos três anos, desde que Jean Cristophe Babin assumiu a direção executiva da TAG em Genebra, a cronometragem passou a ter um lugar de relevo, com a Cronobandeira a prestar serviços de assessoria para realização de interfaces de comunicação e testes de novos sistemas de cronometragem.

 Ao mesmo tempo, muitas das realizações de provas automobilísticas nacionais e, agora, internacionais, reconheceram o trabalho realizado, contratando a empresa. É o caso da relação de anos que se estabeleceu com o Rali Vinho da Madeira, SATA Açores e a Baja de Portalegre, mas também os Caminos del Inca (Peru), em outubro passado, e o Rali da Indonésia, em 2008.Equipamento é o que não falta nas instalações da Cronobandeira na Lousã. Os famigerados “transponders” – uma espécie de rádio transmissores colocados nos carros de competição que comunicam com o sensor de passagem – são fundamentais, bem como os sistemas de recolha de dados que registam a passagem do concorrente, tempos à milésima de segundo e velocidades até 360 quilómetros/hora.

A empresa é apenas formada por Mário e Fátima Bandeira, embora conte com cerca de uma dezena de colaboradores eventuais para a época das provas, alguns deles com um know-how considerável atendendo aos anos de colaboração.

O empresário afirma que “o caminho é uma aposta cada vez maior na internacionalização, razão pela qual estivemos há um mês no Brasil, para dar formação a técnicos de um clube hípico que comprou equipamento TAG para as suas provas”.

Mesmo assim, com presença em cerca de meia centena de provas por ano – muito concentradas nos fins-de-semana, Portugal continua a ser o principal mercado, até porque a vertente de comercialização de equipamento, em expansão, é muito dirigida ao próprio país.