O meu partido

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Francisco Queirós

Os partidos não são todos iguais. Um partido é uma união de pessoas para determinado fim. Distingue-os o fim a que se propõem, as pessoas que o integram e o seu modo de agir. Há partidos com o único fim de alcançar o poder para depois obter benefícios. O meu Partido é muito diferente. Tem 90 anos. É moderno. Um Partido de futuro.

Fundado a 6 de Março de 1921, correspondeu a uma necessidade histórica da sociedade portuguesa. Pouco depois, o golpe militar de 28 de Maio de 26 abria caminho ao fascismo de Salazar. Então, houve partidos que se auto-dissolveram, como o Partido Socialista Português. O meu Partido resistiu. Era um partido diferente. “Porque os outros são túmulos caiados/Onde germina a podridão, /porque os outros se calam mas tu não.”O seu objectivo é o da construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados. “De pé, de pé, não mais senhores! Se nada somos neste mundo, sejamos tudo, oh produtores!”. Durante décadas, os militantes do meu Partido resistiram, perseguidos pela ferocidade do fascismo de Salazar. Torturados pela PIDE, vários foram assassinados. “A morte saiu à rua num dia assim, / Naquele lugar sem nome para qualquer fim/Uma gota rubra sobre a calçada cai/E um rio de sangue de um peito aberto sai.”Muitos e muitos viveram escondidos, clandestinos. Esse era um tempo de esperança, apesar da morte que se espalhava por toda a Europa. Num tempo em que as tropas de Hitler estavam em Paris e às portas de Moscovo, no tempo de Mussolini, de Franco e Salazar, havia um punhado de mulheres e homens que resistia.”Porque os outros se mascaram mas tu não/Porque os outros usam a virtude/para comprar o que não tem perdão. /Porque os outros têm medo mas tu não.” E chamavam-se Catarina, Sofia, José, António ou Álvaro. Sim, Álvaro. E depois, chegou Abril. “Esta é a madrugada que eu esperava /o dia inicial inteiro e limpo/Onde emergimos da noite e do silêncio”. E o meu Partido lá estava no meio do seu povo. No meio da nossa gente. A lutar. “Esta gente cujo rosto/Às vezes luminoso/E outras vezes tosco/ ora me lembra escravos/ora me lembra reis/ faz renascer meu gosto/de luta e de combate/contra o abutre e a cobra/ o porco e o milhafre”. Encheram-se ruas e praças, em mares de povo. Lá no meio, homens e mulheres ergueram a bandeira rubra da foice e do martelo. Conquistou-se o direito à saúde, ao salário mínimo e muitos direitos que ficaram escritos na lei suprema do país.

Volvidos tantos anos é tão jovem o meu Partido. Porque é jovem o sonho milenar da libertação do homem. Porque é jovem o sonho por uma sociedade justa, sem exploradores e explorados. Uma Terra sem Amos. O sonho do amanhã que é o sonho e luta do meu Partido. Comunista e Português.

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