Primeiro, foi o aumento do IVA. Depois, foi a revogação do modelo de avaliação de desempenho dos professores.
As duas primeiras “medidas” pós-demissão de Sócrates, anunciadas pelo PSD, definem o quadro de confusões e contradições que já está a viver o principal partido da oposição – e o mais bem colocado para poder vir a formar Governo, num futuro próximo, agora que as eleições são já inevitáveis.
O aumento do IVA, admitido já pelo próprio Passos Coelho, aponta para a submissão dócil aos ditames dos mercados. Ou, como já ontem alguém dizia, é a prova provada de que a ameaça das tais 300 medidas é bem real.
Já o projeto de lei relativo à avaliação docente – que se junta ao projeto de lei já agendado pelo BE, a um outro, do PCP, também anunciado ontem, e a um projeto de resolução,do CDS/PP – indicia uma outra coisa, igualmente inquietante: o PSD está já em plena vertigem pré-eleitoral. Um frenesim que, como é costume, facilmente se confunde com propaganda e passa pela aproximação/sedução a quem é preciso domesticar.
É o caso dos professores. E, para estes, nada como prometer a revogação do que mais têm combatido. A sedução e os seus efeitos, de resto, tinham já ficado subentendidos, na sequência de uma reunião “ajantarada” de Pedro Passos Coelho com uma dezena de bloggers de reconhecida influência em várias áreas.
A avaliação do desempenho dos professores, já aqui o escrevi, tem coisas que não lembram ao diabo. Mas, que diabo, Passos Coelho e o PSD tiveram, nos últimos tempos, várias oportunidades para a suspenderem – a última das quais há pouco mais de um mês – e nunca o fizeram.