Mário Nunes
Pavilhão de Portugal a abarrotar. Algumas entidades, muitos músicos, maestros e pessoas de todas as idades, estratos sociais e económicos e níveis culturais. Um cenário cultural daqueles que consubstanciam um ambiente de perfeita sintonia no equilíbrio musical. Tudo organizado para que o concerto inaugural da Orquestra Juvenil do Centro fosse um acontecimento marcante, que identificasse, sem dúvidas, a validade e interesse do novo projecto que a Orquestra Clássica do Centro, superiormente presidida pela Dr.ª Emília Martins, oferecia à cidade, região e país.
Na hora da apresentação as palavras da presidente foram expressivas e o seu olhar revelava uma intensa alegria e uma incontida emoção. O ambicionado projecto musical, qual embrião da “veterana” orquestra clássica, mas também com autonomia, dava o seu rosto e o seu saber e juventude, perante as centenas de pessoas que vieram partilhar o evento. E, o concerto foi pleno. O silêncio foi de ouro e as sonoridades elevaram-se e encheram os corações, os intelectos e fizeram rejubilar os deuses da música. Acontecia o esperado. Um novo sonho tornava-se realidade. A juventude sob a batuta dos maestros Artur Pinho Maria (titular) e do assistente, José Quijada, dava grandeza e beleza a um programa ambicioso, qual teste de exame final, presenciado por centenas de cidadãos ansiosos de ver e testemunhar a estreia, beber o espectáculo e arrecadar a riqueza, sempre actual e valorizada, das composições escolhidas para o concerto. Os semblantes afirmaram satisfação e os diálogos aprovaram a nova orquestra.
A primeira Sinfonia OP.21 em DO M, de Beethoven, “encheu” a atmosfera e contagiou assistência. Os músicos, num total de 38, depois do concertino, Daniel de Carvalho, moldar a afinação do conjunto e “reclamar” o Maestro Pinho, substituído, algum tempo, pelo Quijada, iniciavam o baptismo musical, extraordinariamente cativante e avalizado pela expressividade da “cor” musical e confirmado pela exuberância e ritmo empolgantes. A Orquestra Juvenil do Centro “conquistara” de tal maneira o público, que este “exigiu o reforço” do programa, e mais duas composições foram aplaudidas de pé.
No ano em que a Orquestra Clássica comemora dez anos de ininterrupta actividade musical e pedagógica, este projecto define um percurso de confiança, determinação, coragem e êxitos numa área cultural que, infelizmente não é entendida pelo Ministério da Cultura. A OCC sabe como custa trabalhar, criar e desenvolver projectos, faltando o devido apoio de quem deve estimular e agradecer.