Vício pela internet já leva pessoas a procurar ajuda

Foto Luís Carregã

Fica desesperado quando não sabe onde deixou o telemóvel? Passa tantas horas na Internet que se alimenta à frente do computador? Vai às compras para se sentir menos ansioso? Se a resposta a uma destas perguntas foi positiva é bem provável que seja dependente. Embora com implicações muito diferentes das que decorrem do uso de drogas, estas patologias carecem igualmente de tratamento, sob pena do viciado poder viver situações dramáticas.

“Já há pessoas em tratamento devido à dependência do telemóvel ou da internet”, disse ontem (16) João Curto, diretor da Unidade de Desabituação de Coimbra do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).

Foi precisamente para estudar e divulgar o conhecimento sobre a área das dependências, que foi constituída – e apresentada ontem – a Associação Portuguesa para o Estudo das Drogas e das Dependências (APEDD). A nova entidade pretende reunir técnicos que trabalham nesta área, assumindo “um caráter de abertura, para melhorar a intervenção” neste domínio, disse, João Curto, presidente da direção.

Médicos de várias especialidades, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e juristas são alguns profissionais que operam na área das dependências.

Presente na conferência de imprensa que decorreu no Conservatório de Música, Carlos Ramalheira, delegado regional do IDT, congratulou-se com o surgimento da associação.

“Estranho que, tendo sido adquirido e consolidado um conjunto de competências técnicas e de saberes nesta área, não houvesse, ainda, uma agremiação profissional que juntasse todos os técnicos”, disse o também dirigente da Ordem dos Médicos.

Álcool é a substância mais consumida

O álcool continua a ser a substância de abuso mais consumida em Portugal. Segundo João Curto, cerca de 80% da população masculina entre os 15 e os 34 anos consome álcool. Desses, “cerca de 30% tem problemas de adição”.

Preocupante é, também, o aumento do consumo de álcool entre o sexo feminino. “Uma em cada seis mulheres poderá ter problemas aditivos”, disse ontem Carlos Ramalheira.

A somar a tudo isto, só em 2009 foram identificadas, na União Europeia, 24 novas drogas sintéticas e, até julho de 2010, mais 15 novas substâncias.

E, depois, fruto dos tempos modernos e das novas tecnologias, começam a surgir as adições sem substância, como o jogo, os telemóveis, a internet que o psiquiatra João Curto diz constituírem, nestes casos, “autênticas próteses humanas”.

As “complexidades da problemática das adições, que atravessa toda a sociedade e mobiliza recursos económicos e humanos nunca vistos noutras doenças”, justifica a “importância de uma organização científica que vá ao encontro das expetativas dos milhares de profissionais que trabalham direta ou indiretamente” nesta área.

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