Universidade de Coimbra adquire coleção de mapas antigos de Portugal

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Foto de Luís Carregã

Uma coleção de mapas antigos de Portugal, considerada a “maior e mais completa coleção privada portuguesa” daquele tipo de documentos, foi adquirida pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC), disse hoje (7) o diretor da instituição, Carlos Fiolhais.

Com mais de um milhar de mapas, a coleção, reunida pelo professor jubilado da Universidade de Coimbra (UC) Carlos Alberto Nabais Conde, integra “o único exemplar completo existente em Portugal do mais antigo mapa de conjunto do território nacional continental, impresso por Tramezini em 1561”, sublinhou, à Lusa, Carlos Fiolhais.

Naquela mapa, Portugal, então designado Lusitânia, surge “representado com o Norte para a direita, portanto com o país numa posição “deitada”, que hoje parece muito insólita”, à semelhança, aliás do que sucede no ‘Theatrum Orbis Terrarum’, de Abraham Ortelius, de 1570, considerado o primeiro atlas moderno e do qual a BGUC possui um exemplar.

O mapa mais antigo de Portugal e aquele atlas são, no entanto, apenas um exemplo da “complementaridade existente entre os fundos documentais da Biblioteca e a coleção Nabais Conde”, afirmou Carlos Fiolhais, sublinhando que esta circunstância também contribuiu para a decisão de adquirir a coleção.

A coleção Nabais Conde, cuja maior parte dos exemplares é dos séculos XVII e XVIII, estava à guarda da BGUC desde 2003, para, com apoio da Fundação Gulbenkian, ser “catalogada e fotografada”, mas o seu “tratamento e disponibilização” ainda não está concluído.

“A Reitoria da Universidade achou que não podia perder a oportunidade de fazer uma incorporação deste valor”, afirmou Carlos Fiolhais, admitindo que a ligação do catedrático de Física à UC facilitou a transferência desta “coleção notável” para a BGUC.

“Cheguei a ir ao estrangeiro para comprar um mapa”, contou à agência Lusa Nabais Conde, recordando, “por exemplo, uma viagem de propósito a Paris”, para comprar “um dos raríssimos exemplares do mapa da Península Ibérica impresso, no século XVI, por Tramezini”.

Mas a carta mais antiga da Península Ibérica que integra a coleção Nabais Conde data de 1482.

Entre os mapas de cidades e regiões, Nabais Conde destaca, designadamente, “uma gravura muito rara de Lisboa de 1750” e outra de Coimbra de 1598 ou um conjunto de três mapas das costas do norte, centro e sul de Portugal, de 1590.

Da coleção também faz parte, exemplifica Nabais Conde, uma carta dos Açores, de 1661, em que este arquipélago surge “mais perto da Madeira do que na verdade está” e com “mais duas ilhas do que as que realmente possui” – as ilhas da Garça e Maidas, a ocidente e a norte do Corvo, respetivamente.

Constituída essencialmente por cartas e mapas do território, de regiões e localidades portuguesas, a coleção de Nabais Conde também inclui exemplares das antigas colónias.

A coleção Nabais Conde vai ser apresentada na próxima quarta-feira, numa sessão pública, na Biblioteca Joanina da UC.

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