Revolução Jasmin

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Fernando Serrasqueiro

Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor

O que se passa no Norte de África e Médio Oriente tem de merecer a nossa atenção. Se vemos como libertação o fenómeno social emergente nestes países, não podemos esquecer a forte influência de correntes fundamentalistas que, num posterior processo democrático, podem fazer valer a sua organização. A dimensão e a profundidade desta revolução, muito apoiada nas camadas mais jovens, não é ainda perceptível, assim como o efeito de contágio que possa vir a ter. No entanto, os países do Sul da Europa serão os mais afectados se as tentativas de resistência à mudança conduzirem a actos de guerrilha interna. A fuga de alguns cidadãos já se começa a sentir e o movimento migratório é uma ameaça para uma Europa que, em plena crise, não está preparada para acomodar um fluxo cuja dimensão se desconhece.

Os efeitos económicos já se reflectem na subida repentina do preço do crude para valores que ameaçam superar o recorde que há poucos anos foi atingido. Estes valores provocarão um aumento de preços nos combustíveis arrastando-se a outros produtos o que conduzirá inevitavelmente a uma escalada inflacionista e consequente aumento dos juros.

Estes efeitos nefastos numa economia já débil em resultado da crise global que vivemos poderão desencadear efeitos que justificam o que muitos já reclamam com urgência: a intervenção coesa, coordenada e eficaz da União Europeia. Portugal, ao ter adoptado uma política energética ousada, com mais peso das energias renováveis, poderá ver esta orientação premiada e o recurso à nossa indústria de apoio à produção energética mais solicitado. Não esqueço que esta região agora ameaçada era uma zona prioritária para as nossas exportações e até para o fortalecimento da internacionalização de algumas das nossas empresas. Se as exportações não são hoje ainda elevadas, com valores recentes anuais de cerca de 1.500 milhões de euros, as previsões seriam de crescimento acelarado. Por isso me parece correcta a estratégia seguida por Portugal de diversificar os países de destino das nossas exportações para estarmos mais seguros relativamente a crises que vão surgindo em diferentes partes do mundo. O cenário que se nos oferece não é animador. A uma crise financeira profunda juntam-se agora conflitos políticos bem próximos que se dirigem para a Europa. Um mal nunca vem só, mas, mais uma vez, se reclama união no combate, confiança nas nossas forças e repúdio por todos os actos de demissão ou inacção para depois se criticar aqueles que estiveram nas barreiras a dar luta às contrariedades.

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