Com a publicação do Innovation Union Scoreboard 2010, Portugal verifica uma evolução positiva, ocupando agora o 15.º lugar, à frente de um grupo de três países constituído pela Itália, Espanha e República Checa, no conjunto dos 27 países da União Europeia, resultado que saudamos.
É positiva a evolução verificada, resultado do crescimento de novos doutorados formados e, especialmente, o aumento do investimento privado em I&D.
Este último dado é relevante, uma vez que significa um reconhecimento de que a política da ciência deve estar orientada para a procura e não para a oferta, as empresas e as universidades perceberam que este é o único caminho possível para melhorar a competitividade e a produtividade, com naturais consequências no domínio das exportações.
Este facto só reforça a orientação iniciada em 2003 /2004 com o forte estímulo à criação de Núcleos de I&D nas empresas, no âmbito da Agência de Inovação, situação descontinuada pelo Governo socialista, que tem de continuar a ser apoiada.
Apesar de ser um bom indicador, há que ser prudente na sua análise, Portugal continua longe dos lugares cimeiros na União Europeia e, ao mesmo tempo, há questões concretas que não podem ser descuradas.
Desde logo, como reconhece a FCT, o sistema caminha para uma implosão, o aumento de doutorados não está a ser acompanhado de uma renovação, ninguém sai do sistema, o que vai implicar o bloqueio; a única saída para inverter a situação será aumentar o emprego científico no sector privado, politica que o Governo descontinuou.
Por outro lado, há que analisar a listagem das 100 empresas mais relevantes, em termos de I&D, analisando os valores de investimento em I&D e número de investigadores, é preciso que o peso da indústria de bens transaccionáveis cresça mais, não basta trabalhar para a estatística, é preciso que esta evolução tenha reflexo directo na economia e tenha sustentação.
Ao analisar este indicador, quanto ao impacto económico dessas politicas, verificamos que aparecemos num modesto 23.º lugar, logo a seguir à Roménia.
Quando entramos numa análise mais aprofundada, é notório que estamos acima da média da União Europeia no número de doutorados e papers científicos, mas mal para todos os indicadores de ligação ao sector privado como patentes, publicações em cooperação público/privado, emprego de alta intensidade tecnológica, exportações de alta intensidade tecnológica e retorno sobre patentes.
Recomenda-se menos foguetório e mais realismo, é um passo positivo, que deve ser analisado com os pés assentes na terra.