O modelo de avaliação do desempenho docente é complexo, ambíguo e burocrático. Para além disso, gera conflitos interpessoais graves. Deve, por isso, ser parado e repensado.
Regresso a 2008 e ao auge da contestação a Maria de Lurdes Rodrigues? Não. A tomada de posição é bem recente – data de 31 de janeiro último – e foi subscrita por 95 dos 96 professores da Escola Secundária D. Maria. O documento foi, depois, analisado pelo Conselho Pedagógico, a 9 de fevereiro de 2011 que o ratificou, por unanimidade.
Para os docentes da escola, reunidos no Pedagógico, o modelo põe em causa a missão pedagógica e formativa da escola . Tudo porque a avaliação interpares “está a gerar conflitos pessoais de extrema gravidade, inibidores do trabalho de cooperação/coordenação que a escola sempre teve”. Por outro lado, o excesso de burocracia e de complexidade do modelo – quatro dimensões, 11 domínios, cinco níveis, 39 indicadores e 72 descritores, “na maioria ambíguos e por isso pouco rigorosos” – não permitem avaliar a “qualidade didática/pedagógica dos professores, para além do notório prejuízo de tempo indispensável à preparação das aulas e de investigação pessoal”.
Em detalhe, os subscritores do documento lembram que a observação de aulas, a apreciação dos relatórios de autoavaliação. o preenchimento de fichas, as entrevistas com os avaliados e as reuniões de júri – alguns dos procedimentos requeridos pelo modelo – têm de ser feitos em horário de trabalho, o que é “dificilmente exequível”.
Neste contexto, os professores manifestam total discordância com o modelo e exigem uma “discussão séria e alargada”, que permita chegar a uma proposta “consensual, não burocrática, justa”.