O desenvolvimento de um método de diagnóstico de cancro através de autocolheita está na origem da Infogene, empresa de desenvolvimento tecnológico especializada em estudos moleculares para detetar patologias em estado inicial, bem como identificar indivíduos com predesposição genética para determinadas doenças. Com um serviço no mercado designado Oncoalert, passou a ser possível identificar o cancro colorretal através de uma simples análise ao sangue.
Rui Nobre, investigador da Infogene, explica que este produto “resultou de uma parceria com uma empresa estrangeira que permitiu o desenvolvimento de um biomarcador que já está disponível nos laboratórios”. Os responsáveis pela investigação afirmam que “um resultado positivo quer dizer que há uma grande probabilidade de cancro”, aconselhando “uma colonoscopia para obter um diagnóstico definitivo”.
O Oncoalert para a deteção de cancros do pulmão e do útero estão em desenvolvimento, ambos com pedidos de patentes e, no último caso, já com validação clínica e a caminho da homologação pelo Infarmed. Até lá ainda há, todavia, muito trabalho de investigação e desenvolvimento (I&D) a fazer, assegurado por uma candidatura aprovada ao Quadro Estratégico de Referência Nacional (QREN) com financiamento de 200 mil euros.
Antes, a vocação inovadora e empreendedora da Infogene foi recompensada com diversos prémios, de que se destacam o “Bioempreendedor do ano 2006”, pela ApBio (Associação Portuguesa de Bioindústrias), “Inovação em Saúde e Cuidados Pessoais / BES 2007”, “Grande Prémio de Inovação / Bes 2007”, finalista do “Jovem Empresário/Anje 2008” e prémio Astrazeneca 2010, que será entregue brevemente, para o respetivo ramo de atividade.
Ainda esta semana o trabalho realizado pela Infogene obteve um reforço de visibilidade pública depois do primeiro-ministro ter visitado o laboratório no âmbito de uma deslocação ao Instituto Pedro Nunes (IPN).
Rui Nobre recorda que abraçou o desafio de criar a empresa, a par com o sócio Hugo Prazeres, em 2006, aproveitando as vantagens concedidas pela incubadora do IPN, vocacionada para spin-off de base tecnológica. Com formação base em Farmácia e Medicina, ambos são doutorados, contando com a ajuda de dois colaboradores bioquímicos.
Reduzir custos de saúde
O investigador explica que “aqui desenvolvem-se e comercializam-se formas não invasivas de deteção precoce do cancro, fornecendo informações úteis sobre o estado de saúde dos pacientes, reduzindo o número de mortes e os custos associados dos serviços de saúde”.
O focus da empresa é o diagnóstico dos “cancros do colo do útero, intestino e pulmão, uma vez que são responsáveis por uma percentagem considerável de óbitos causados por cancro e para os quais os métodos convencionais de rasteio apresentam baixas taxas de adesão”. Para além do I&D, a Infogene fornece serviços laboratoriais, aproveitando os equipamentos especializados adquiridos, com apoio de uma equipa especializada em virologia, microbiologia e genética molecular. “Esta área representa cerca de 30 por cento da atividade da empresa e uma forma de financiar a investigação”, sublinha Rui Nobre, acrescentando que os diagnósticos são solicitados por hospitais, clínicas e laboratórios farmacêuticos, como é o caso da Merck.
