A grande maioria, quase 80 por cento, do total de receitas das associações humanitárias de bombeiros voluntários provém do transporte de doentes e de transferências do Estado, revela um estudo hoje (26) apresentado na Figueira da Foz.
De acordo com dados financeiros do estudo, elaborado junto de 95 associações de norte a sul do País, com exceção da região de Lisboa e Vale do Tejo, 44,8 por cento das receitas decorrem do transporte de doentes e 34,5 de transferências do Estado, 79,3 por cento do total. “O estudo faz um retrato de uma realidade que não estava estudada e que, pela primeira vez, foi feita com esta profundidade”, disse à Lusa Luís Carvalho, da empresa Tecnoforma, um dos coordenadores do projeto.
Segundo os mesmos dados, as receitas próprias não chegam a cinco por cento (4,93), enquanto as transferências de autarquias totalizam quase 11 por cento. Nas despesas, a maior fatia, mais de metade do total (54,3 por cento), vai para as despesas com pessoal.
Outras despesas, não identificadas, representam 23,4 por cento, seguindo-se os combustíveis (12,3 por cento) e as despesas com viaturas, cerca de 10 por cento do total de encargos.
Ao nível dos recursos humanos, 77 por cento dos bombeiros em atividade nas corporações que integram a amostra são homens e 23 por cento mulheres. Já no que toca às habilitações literárias, 67 por cento tem estudos do ensino básico: 37 por cento até ao 8.º ano de escolaridade e 30 por cento com o 9.º ano completo. Vinte e três por cento tem estudos do ensino secundário (dos quais 14 por cento com o 12.º ano completo), os licenciados e bacharéis são oito por cento dos bombeiros em atividade e dois por cento frequentam o ensino superior.
O documento faz ainda um levantamento ao nível das necessidades de formação dos recursos humanos, apontando carências ao nível dos programas de processamento de texto e folhas de cálculo, técnicas de marketing e orientação para o serviço público.
Já o parque de viaturas das corporações, segundo os dados do estudo, é constituído maioritariamente (46,3 por cento) por veículos de socorro e assistência a doentes, seguindo-se, com 24,4 por cento, os de socorro e combate a incêndios. Quase 40 por cento das viaturas tem entre 10 a 20 anos e 22,7 por cento mais de 20 anos de serviço.
Divulgado hoje (26) durante o congresso extraordinário da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), o estudo enquadra-se num projeto de melhoria dos processos de organização e gestão e reforço das competências das associações de bombeiros, no âmbito do Programa Operacional Potencial Humano (POPH).