Sábado, 12 de fevereiro. 13H00. Carapinheira. Teodemiro Ferro, 71 anos, foi tomar chá ao Café Arco Íris, como costumava fazer todos os dias. “Ultimamente, só tomava chá. Estava bem disposto, como sempre, mas andava adoentado, queixava-se dos intestinos e do estômago”, conta a proprietária, Helena Ferrão. Domingo, 13. Um amigo dele desloca-se àquela localidade para indagar sobre o seu paradeiro, a pedido de uma filha do septuagenário, que mora em Lisboa.
“A filha pediu-me para ir lá ver se o encontrava porque o pai não lhe atendia o telemóvel. Bati em todas as portas, levantei as persianas, mas ninguém respondeu. Telefonei-lhe para o telemóvel e não o ouvi tocar. Liguei à filha e disse-lhe que devia ter saído de casa”, conta o amigo de Teodemiro Ferro, que pediu anonimato. Durante o fim de semana, o telefone móvel continuava a tocar mas ninguém atendia. Manhã de terça-feira, 15. Uma outra filha do idoso, residente em Ançã, vai a casa do pai e encontra-o sem vida, em casa, situada na rua da Igreja.
Estava prostrado no chão da oficina de bricolage, onde o antigo fiscal de eletericidade da CP passava parte do seu tempo. O corpo foi para autópsia, no Gabinete Médico-Legal da Figueira da Foz, presumindo-se que tenha tido morte súbita e natural. “Andava magro por causa da dieta a que estava sujeito. Era uma pessoa muito divertida, comunicativa, sociável e tinha um espírito jovem. Trazia-me quase sempre três ou quatro peças de fruta, do seu quintal”, conta ainda Helena Ferrão.
Teodemiro Ferro enviuvara há mais de 20 anos e desde então vivia com a mãe, que falecera há quatro anos. Aposentado há vários anos, era natural e residente de Carapinheira, Montemor-o-Velho. Cuidava do quintal e entretinha-se com a bricolage, contam os vizinhos. As filhas visitavam-no regularmente, afiança Helena Ferrão. O mesmo amigo que fora saber dele no passado domingo recorda-o ainda como antigo remador da equipa dos Ferroviários de Portugal, quando trabalhava na Figueira da Foz.