Esta semana, naquela que foi a primeira reunião de todos os governos europeus sobre política energética, faltou o rasgo e a coragem de lutar contra os interesses instalados. Como sabemos, a energia é vital para a criação de novos empregos. Oportunidade deveria, por isso, ter sido a palavra-chave desta reunião, mas, infelizmente, não o foi. Teria sido se tivesse havido a coragem para apresentar planos de investimento para tratar da eficiência energética das nossas cidades, em particular nos países com mais desemprego e sob maior ataque dos especuladores, como é o caso de Portugal. Mas os governos preferiram continuar a insistir nas velhas receitas.
Em vez de uma revolução energética, e consequentes impactos para a criação de empregos, os governos europeus entenderam apostar ainda mais nas parcerias público-privadas. Nestas, como sabemos, os investimentos são em grande medida públicos e os lucros serão privados. Sobre o modo como este modelo funciona já temos lições de sobra.
Continuamos muito presos às “velhas energias”, aos combustíveis fósseis e à energia nuclear, e muito pouco ambiciosos em matéria de “novas energias”. Estas deveriam ser a prioridade porque têm o poder de garantir que todos têm acesso igual à energia e que tanta importância tem um grande projecto energético como um pequeno projecto local. Insistir no erro é insistir no falhanço.
Como nos propõe Jeremy Rifkin, apostar verdadeiramente em energias renováveis, transformar os edifícios em micro-fábricas de energia, difundir o hidrogénio e outras tecnologias de armazenamento em cada edifício, utilizar a tecnologia da internet para transformar a rede energética numa interrede que actue da mesma forma, electrificar a frota de transporte e transformá-la em células de combustível que podem comprar e vender electricidade numa rede inteligente seriam cinco passos concretos para garantir mais justiça social e mais justiça económica. É que é mesmo preciso colocar a energia no centro da política.