Depois do trabalho, reconhecidamente positivo, desenvolvido nos últimos anos na defesa de crianças e jovens em risco e de mulheres vítimas de violência, a sociedade é confrontada com novas formas de abandono e violência. O abandono e maus tratos a idosos não exatamente uma novidade, mas, de forma cada vez mais recorrente, a realidade insiste em revelar episódios com contornos chocantes, que por certo preferíamos ignorar.

Já todos ouvimos falar das situações de maus tratos a idosos, ou de casos de violência psicológica, muitas vezes por motivos económicos. O isolamento e a solidão de idosos residentes em grandes meios urbanos são também uma constante. Mas o aparecimento, esta semana, do cadáver de uma idosa que terá falecido há nove anos, numa habitação, em Sintra, é chocante e exige uma reflexão.

É certo que o urbanismo contribui para potenciar estes casos, difíceis de acontecer nas pequenas aldeias, dada a existência de uma maior proximidade entre as pessoas. Por isso, urge que o meritório trabalho das instituições seja também vocacionado para combater estas situações, através do desenvolvimento de novas formas de convivência social.

Porque, afinal, se falhar a atenção e a prevenção, estamos mesmo perante um dos grandes dramas da sociedade atual.