O padre Carlos é pároco de Buarcos e de Quiaios, pastor de dois rebanhos com um passado piscatório em comum mas com realidades diferentes.
P- É verdade que a Paróquia de Buarcos é uma das mais ativas do concelho da Figueira da Foz?
R- Tem necessidade de vir à rua, e isso faz parte da mentalidade das gentes da beira-mar. Vir à rua com manifestações de fé, vir à rua com projetos de apresentação de conceitos, de mentalidade referenciada com este ou com aquele setor da vida. É por isso que, por exemplo, em Buarcos, quando é possível fazê-las todas, temos 11 procissões por ano.
P- Por ser uma comunidade com fortes tradições piscatórias, Buarcos é uma paróquia particularmente religiosa?
R- Costumava dizer que não há acontecimento nenhum na igreja, a nível celebrativo e litúrgico, que não seja assumido por uma comunidade piscatória: do Natal, à Páscoa, à Quaresma… Todas as comunidades piscatórias conseguem tocar o coração dos que vêm de fora, porque a sua expressividade, a maneira como vivem o acontecimento religioso, é diferente.
P- Também é pároco de Quiaios. Que diferenças encontra entre as duas paróquias?
R- Conheço Quiaios há muitos mais anos do que Buarcos, porque passei lá parte da minha meninice. Olhar Deus no lavrar da terra e olhar Deus no pescar das águas, dá uma religiosidade diferente.
Mas há uma coisa que eu quero dizer de Quiaios – muito bonita, muito interessante, e que me surpreendeu – e que Buarcos já deixou de ter há muito tempo, que é a dimensão cultural de palco, o bairrismo centrado nas coletividades, e Quiaios tem isso vivo, de uma maneira muito interessante.