Os troca-tintas

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Poucos olham para os que se aproveitam da democracia e das suas falhas para fazerem o que lhes convêm. Deviam entendê-los como cavalos de Tróia dos inimigos de uma Pátria em perigo de derrocada. São de sempre, tal como um canalha que, em 1914, se apresentava como “Subdelegado em Pombal em 1907, (que) foi exonerado por Teixeira de Abreu pelo facto de ter atacado publicamente a ditadura franquista, saltando em Alfarelos no comboio de João Franco; entrando na greve de Coimbra e fornecendo a sua casa para as reuniões que atacavam o governo de então, foi desterrado para a Figueira da Foz;”. Fazia-o para concluir que era o indicado para um lugar do estado. E como ele já conheci alguns nas ruas de Coimbra e de outras cidades deste martirizado Portugal.

Contudo, esta semana, os portugueses podem mais uma vez mostrar que são eles que comandam a sua economia e as suas finanças, votando contra os que usam o poder político para o colocarem ao serviço dos que manipulam as leis, mais propriamente para que os corruptos progridam com impunidade total.

De facto, o ano começou há pouco mais que duas semanas e os portugueses vão-se adaptando às medidas de austeridade. Também os funcionários públicos se adaptam aos seus ordenados reduzidos. E, no final desta semana, vão sentir nas folhas de salários a redução do rendimento disponível. E, nas 4 semanas seguintes, vão exercitar a máquina de calcular ou até um programa Excel na reprogramação das suas vidas.

Será necessário. Mas mais necessário é saberem quem de há muito os tem iludido e encaminhado para esta crise difícil de suportar. Talvez conviesse estudarem o processo de “falência” do BPN e de como os custos desta recaem sobre cada um de nós. Convinha que observassem como a falha continuada do regulador, o Banco de Portugal, e do seu ex Governador, Vítor Constâncio, é a causa de grande parte dos sacrifícios pedidos com “urgência e dramatismo“ para salvar uma economia débil. Convinha também que pedissem explicações sobre as razões pelas quais as contas do BPN ainda agora não batem certo. Deviam perguntar porque a nova administração do BPN ainda não conseguiu detectar o buraco total. E a razão deve ser a dificuldade de chamar troca-tintas a quem por lá passou ou anda por lá ainda. Nem ninguém o consegue chamar a uns que se aproveitaram do laxismo do governo para no fim do ano antecipar a distribuição de dividendos. Nem ninguém se lembra de relacionar estas suas facilidades com os cortes feitos nas pensões, abonos e salários

Entretanto, andam por aí uns senhores com um ar dramático falando de medidas de austeridade que transformam remediados em pobres e pobres em miseráveis. E fazem tudo para que ninguém se lembre que foram eles que desmantelaram a agricultura, a pesca e inviabilizaram tanta indústria e tanto pequeno comércio.

Espero que os portugueses se lembrem disto quando estiverem a votar.

Só assim votarão bem.

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