As eleições levam milhares de pessoas à Escola Brotero. No domingo, apesar da abstenção, foram muitos os que entraram, percorreram os corredores e as salas.
Só não puderam apreciar, na sua plenitude, as obras da escola renovada. Não viram, por exemplo, os buracos abertos na terra que deveria ter plantas. A empreitada de jardinagem é uma das inúmeras que ficou a meio.
O que se passa, então? É simples: a empresa a quem foi adjudicada a obra de requalificação daquela escola secundária teve imensos problemas, no decorrer dos trabalhos. Tantos que, a certa altura, toda a gente duvidava que a escola ficaria com condições mínimas para a inauguração política de 5 de outubro. Ficou, assim-assim, e a ministra do Ambiente lá “cortou a fita”.
Logo depois, a empresa “levantou ferro”. E o resultado está à vista: a Parque Escolar foi para tribunal.
Teve azar a Brotero. Azar porque a arquiteta responsável se revelou pouco sensível a adaptações ao projeto. Azar, também, porque a adjudicatária não parece, propriamente, ser uma empresa com experiência de construções escolares. Azar, ainda, porque parece ter havido cálculos estruturais mal feitos, tendo sido necessário um reforço de alicerces… e de dotação. A derrapagem foi da ordem dos dois milhões de euros.
Teve azar mas nem por isso se livrou de passar a pagar renda. É que, com as obras, todo o património da escola – da Brotero e das demais secundárias intervencionadas – passa para a Parque Escolar, empresa pública criada, entre outras coisas, mais ou menos (mal) explicadas, passar a ser dona do património das escolas.
Para esclarecer esta e outras questões, nomeadamente, o futuro do programa, o DIÁRIO AS BEIRAS contactou a Parque Escolar, mas não obteve resposta.
No distrito de Coimbra, o programa de modernização de escolas secundárias envolveu, na primeira fase, três outros estabelecimentos, para além da Brotero. Os dois de Coimbra são, aliás, casos de sucesso público. Na Infanta D. Maria, por exemplo, foi possível articular a vontade da direção em manter algum passado – casos de duas salas com estrados, o mobiliário da biblioteca e um anfiteatro todo em madeira. Já na Quinta das Flores, requalificada em parceria com o Conservatório de Música, a arquitetura exterior é notável e, lá dentro, há um anfiteatro que há-de fazer história.
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