O metro e o planeamento para Coimbra

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Vou iniciar 2011 a dizer o que penso para a minha Polis (cidade de Coimbra), e como não poderia deixar de ser, face às “não” notícias sobre o Metro, começarei pelo planeamento de Coimbra, nos seus mais diversos vectores.

Escrever o que penso para a cidade que me viu nascer, uma vez que há muitos concidadãos que também devem andar preocupados e que se desdobram em jantares e contactos, apesar de não se saber se a preocupação é de apresentar propostas aos conimbricenses ou se praticam a mera conspiração democrática de tentar influenciar tudo e todos. Seja como for, estão no seu legítimo direito. É aliás um “déjà vu“ que vi fazer muitas vezes, mas no fundo pretendem invariavelmente promover-se, sem qualquer resultado prático para Coimbra e, muito menos, na defesa dos interesses das pessoas.

Desde logo importa que se definam as prioridades de Coimbra nestas áreas. O planeamento e ordenamento viário já foram mais que debatidos e não são necessárias novas ideias, basta concretizar, sob pena de demorarmos tanto tempo para resolver como nos casos do Metro e da Penitenciária.

Refiro-me naturalmente aos grandes eixos de ligação ao litoral e ao interior. A auto-estrada para a Figueira da Foz funciona, a A1 para o Porto e Lisboa também, faltando agora concretizar a auto-estrada para Viseu e a ligação Gouveia/Covilhã através do IC 6, que o actual Ministério das Obras Públicas insiste em adiar.

De igual modo falta concretizar o novo atravessamento do Rio Mondego e a conclusão do IC3 desde a Ponte da Europa até ao cruzamento de Botão/Souselas. No interior da cidade faltam algumas ligações, como a continuação da Avenida da Lousã, o nó da Pedrulha e sua ligação para a Geria, entre outras.

Finalmente, não estando planeado, defendo que para resolver em definitivo o problema de trânsito na Avenida Fernão de Magalhães se deveriam fazer túneis no cruzamento da Auto-Industrial e, no mínimo, na Casa do Sal, de tal forma que à superfície só ficaria o trânsito citadino, descongestionado o tráfego para o hospital. Já planeado, mas carecendo de rápida execução, está o descongestionamento da Rua Padre Manuel da Nóbrega, que termina numa rotunda e onde dois camiões não se cruzam, resolvendo também o tráfego da Rua Brigadeiro Cardoso, onde funciona uma escola do 1.º ciclo e que também não tem saída.

Claro está que outras vias municipais seriam precisas nas freguesias, nomeadamente a variante em Castelo Viegas e a ligação do Casal de Misarela ao Zorro, mas das quais falarei em devido tempo, quando escrever sobre as freguesias. Contudo, com este caderno de encargos viários, Coimbra já poderia comparar-se com outras cidades de média dimensão nacional e europeia.

Em termos de infra-estruturas ferroviárias, importa manter o planeado para uma Estação de Caminho de Ferro condigna com o nome, e acabar com o apeadeiro que hoje temos em Coimbra-B. Um projecto de TGV entre Lisboa e Porto e que, de vez em quando, parasse em Coimbra, é um custo excessivo num país em dificuldades financeiras, tanto mais que em termos de redução de tempo do percurso falamos de qualquer coisa como 10 a 15 minutos.

Avançar, sem qualquer tibieza, com as obras do Metro Ligeiro de Superfície, que começa a tornar-se num escândalo público, dando razão a todos os “metro cépticos”, além de ser uma desconsideração para com os cidadãos da Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra. E, novamente, é este Ministério das Obras Públicas o grande responsável por esta “burla” de retirar os carris e não voltar a colocá-los. Durante alguns anos travei a luta pelo Metro. Indignei-me quando, no traçado urbano queriam um túnel na Avenida Armando Gonsalves, suprindo o troço da Lousã a Serpins.

O final do ano de 2010, como prometeu o Governo, já passou e o “ruidoso silêncio” da tutela mantém-se.

Todos sabemos que entre Serpins e Ceira circularia um tipo de carruagens e que aí haveria um “interface” com outro tipo de carruagens, para que as viagens para Miranda e Lousã (Serpins) fossem mais confortáveis. Também todos sabemos que o ex-presidente do Conselho de Administração do Metro e as três câmaras municipais estavam de acordo que o primeiro troço era o não citadino, ou seja, de Serpins a Coimbra. Como também foi explicado à tutela que com 25 milhões de euros por ano, nos próximos quatro anos, o metro estaria nos carris.

Agora, até já se sabe que no Porto, face aos constrangimentos orçamentais, foi feita uma candidatura ao QREN para levar o Metro a periferias que inicialmente não constavam do projecto. Então e em Coimbra temos de ficar calados? A crise é só para alguns?

Começa a ser tempo de agir, sob pena de cada um arcar com as suas responsabilidades por muito bonitas que sejam as palavras.

Não posso de deixar de saudar a única atitude de “revolta” democrática para quem nos hostilizou. Refiro-me à marcha lenta do movimento que contou com a presença dos autarcas de Coimbra, Miranda e Lousã.

Sem dar por ela, já esgotei este meu artigo pelo que, oportunamente, continuarei ainda com este tema, uma vez que não há planeamento sem Ordenamento.

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