“Faço exposições há cerca de sete anos e é a primeira vez que exponho tão perto do sítio onde nasci”, explica este jovem pintor, cujo trabalho tem suscitado o elogio da crítica.
Nuno Viegas nasceu em Almeida, em 1977, tendo vivido e estudado em Vilar Formoso. “Esta localidade faz parte de mim, é uma realidade que me construiu; esteja eu onde estiver, fará sempre parte de mim”, comentou ao DIÁRIO AS BEIRAS.
Em 1997 foi estudar para Lisboa, frequentando aí o curso de Artes Plásticas – Pintura, na Faculdade de Belas Artes. A partir de 2000 participou em várias exposições coletivas, nomeadamente em Lisboa e Coimbra, tendo estado representado em Feiras de Arte Contemporânea, como é o caso do ARCO (Madrid) e da Arte Lisboa.
Após 2002, realizou várias exposições individuais e ilustrou dois números da revista Colóquio Letras da Fundação Calouste Gulbenkian.
Esta exposição no Teatro Municipal da Guarda deixou satisfeito o artista plástico que encontrou aqui “um lugar fantástico”, acrescentando ser fundamental “descentralizar” o seu trabalho, “trazer a arte e cultura tal como acontece na capital ou em qualquer sítio da Europa. É importante que isso aconteça também aqui”.
“Desigualdades num país tão pequeno”
Para esse reforço cultural poderá contribuir a fixação de intelectuais e artistas fora dos grandes centros urbanos do país. “Eu penso que começa a haver muita gente a sair da capital e a procurar sítios no interior. Tenho imensas colegas que estão a fazer isso neste momento. E normalmente fazem-no a título próprio, com grande esforço.”
No seu caso essa decisão foi ainda equacionada. “Por enquanto preciso da cidade, inspira-me bastante e necessito do excesso que a cidade tem. Mas admito essa possibilidade; e já é dado um pequeno passo ao fazer esta exposição” aqui na Guarda.
“É muito mais difícil ao jovem do interior decidir ser artista do que ao jovem da cidade. E não devia ser assim, pois sendo o país tão pequeno não é admissível essa desigualdade. Eu comecei a desenhar ainda muito pequeno e com 15 anos eu estava seguro de que queria ser pintor”, conta.
De todas as outras coisas, que poderia ter sido, nenhuma “era mais apaixonante, nem mais sonhadora”. Estava decidido e foi com essa idade que saiu de Vilar Formoso, “para seguir esta carreira”, conta.
Recordou, por outro lado, que quando frequentou o ensino secundário não havia, com exceção de Lisboa e Porto, escolas especializadas em artes. “O ensino das artes foi muito maltratado. As artes visuais eram encaradas como tempo livre e só recentemente se começou dar a devida importância à criatividade e às artes plásticas”, sublinha.
Nuno Viegas entende, como referiu ao DIÁRIO AS BEIRAS, a “cultura como um direito que deve ser garantido a toda a gente e, nesse sentido, estou imensamente grato pelo convite que recebi para expor os meus trabalhos no TMG, e também feliz por trazer a minha proposta cultural”.