Cerca de duas dezenas de vendedores ocuparam esta sexta-feira as suas habituais bancas no exterior do Mercado de Santiago, em Aveiro, contrariando a decisão da autarquia, que decidiu proibir a venda naquele local, devido à falta de condições de higiene.
Esta manhã, contudo, mais de metade das bancas existentes no espaço exterior estavam vazias, como constatou a Lusa no local.
A maior parte dos vendedores decidiu ocupar o espaço disponibilizado no interior do mercado de Santiago, mas o presidente da Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA), Albino Silva, diz que houve “intimidação” por parte da Câmara.
“Os fiscais da autarquia andaram aqui a dizer que quem não fosse para os locais destinados, perdia o direito à banca e houve muitas pessoas que cederam”, adiantou o mesmo responsável.
Albino Silva realça que as pessoas se “sentem bem” neste espaço, que ocupam há oito anos, desde que começaram as obras no mercado Manuel Firmino, e suspeita de “toda esta pressa para tirar o pessoal daqui para fora”.
O presidente da ALDA adianta ainda que os vendedores não estão satisfeitos com as condições disponibilizadas pela câmara, alegando que o mercado de Santiago “não tem condições para albergar tanta gente”, e defende a continuidade da venda no espaço exterior.
Entre os vendedores que optaram por se instalarem no interior do mercado, ouviam-se críticas à falta de espaço para colocarem os seus produtos.
“Fomos empastados contra a parede. Queremos espaço para pôr os nossos produtos. Não nos estejam a asfixiar”, disse à Lusa Jorge Simões, um dos agricultores que habitualmente vendia no exterior do mercado, acrescentando: “isto é uma provocação e uma humilhação”.
Rosa Sousa, outra das vendedores ouvida pela Lusa, estava desanimada pela forma como estava a decorrer a venda.
“Isto pode melhorar, mas por agora não está a ser bom. A gente lá fora já tinha vendido tudo”, afirmou esta vendedora, admitindo, contudo, que agora tem melhores condições, porque não apanha frio.
Os vendedores e agricultores decidiram realizar uma vigília na próxima segunda-feira, em frente dos Paços do Concelho, e vão pedir uma reunião com o presidente da Câmara “para continuar o diálogo e encontrar uma solução definitiva”.
A decisão de proibir a venda no exterior do Mercado de Santiago foi aprovada por unanimidade pelo executivo municipal liderado pela maioria PSD/CDS-PP com base na “falta de condições higiene e sanitárias”.
A medida, que entrou em vigor no dia 22, afeta 116 vendedores, na sua maioria agricultores, que ocupavam aquele espaço todos os sábados e que serão transferidos para o interior dos mercados de Santiago e Manuel Firmino, no centro da cidade.