Será Coimbra a primeira a andar no Move?

Posted by
Spread the love

A viagem começa com Luísa Goulão, CEO da Critical Move, que após passagem pela alemã Continental é agora a responsável pela solução de mobilidade a aplicar no Coimbra iParque. “Estamos a falar de uma solução para pequenas distâncias e que tem como característica diferenciadora a ausência de condutor”, explica.

O veículo elétrico, acrescenta, “é quase normal, circula a velocidade reduzida, por questões de segurança, e exige uma via dedicada, pois não pode misturar-se com outro tipo de tráfego”. A segurança é garantida ao milímetro e quando deteta um obstáculo o Move… suspende a marcha. A velocidade é limitada pelo sistema. “A segurança é a nossa palavra de ordem. O sistema é filoguiado, ou seja, é colocado um cabo no solo e a inteligência está no veículo. Neste momento, já temos tecnologias que não utilizam o cabo como referência, mas são só para daqui a alguns anos”, afirma.

No caso do iParque, afirma Luísa Goulão, “uma das condições da sua génese é que não tivesse circulação automóvel, pelo que foi procurada uma solução alternativa”.

O Critical Move é essa solução alternativa: é um veículo normal, não tem emissões poluentes e, pelo facto de não ter condutor, além de se enquadrar na filosofia do parque (é um parque tecnológico), é uma mais-valia do ponto de vista económico, já que assegura a circulação de pessoas durante 24 horas sem necessitar de intervenção humana.

A CEO da Critical Move sublinha a simplicidade do sistema: “basicamente funciona como um elevador: a pessoa aciona o botão de chamada na paragem e após entrar no veículo aciona um botão para o destino”.

Além da aplicação no iParque, o sistema Move tem todas as condições para entrar ao serviço, por exemplo, na zona compreendida entre o Exploratório e o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha/Convento de S. Francisco. Luísa Goulão apoia a ideia e aproveita para enquadrar o projeto. “Teve origem no seio da Universidade de Coimbra, no Instituto Pedro Nunes. Representa mais de 10 anos de investigação e de desenvolvimento, e ao fim deste tempo a tecnologia já está suficientemente madura para ser comercializada, pelo que foi criada a Critical Move”, disse.

Instalado no Rovisco Pais, o Move conhecerá no iParque uma nova fase: “é um projeto de grande importância para nós e representa a passagem da fase de teste para o primeiro sistema, digamos, a sério”. Na prática, acrescenta, “é uma prova de fogo e queremos que seja um grande sucesso”.

O percurso proposto pelo ComCentro já “foi discutido com a Câmara de Coimbra” e assume-se “como um exemplo de excelência para aplicar este tipo de solução”.

Já no início do ano, segundo a CEO da Critical Move, o projeto regressará à mesa de trabalho. “Toda a zona ribeirinha é o local ideal. O engenheiro Barbosa de Melo conhece a nossa proposta: ligar o Exploratório ao Mosteiro de Santa-a-Clara, Portugal dos Pequenitos, Convento de S. Francisco. Estamos a falar de vários pólos de atração, que se encontram a uma distância ideal para as características do Move, que pode transportar vários tipos de passageiros, incluindo pessoas com mobilidade reduzida”, disse.

Luísa Goulão deseja que Coimbra “seja a primeira cidade” a disponibilizar o Move, que poderia funcionar como “a face” de uma nova identidade da cidade e da região.

Combater a inércia e apostar em “coisas novas” é a atitude indicada para quem tem o desenvolvimento como meta. Luísa Goulão acredita que o Move “vai explodir” e que Coimbra “será conhecida como uma cidade tecnológica, de saber, de inovação e de conhecimento”. E prosseguiu: “este projeto é do melhor que se faz no Mundo. Estamos a falar de um projeto pioneiro e numa área em que muitos países estão a apostar, o que é bom sinal. No que respeita a veículos com estas características, posso afirmar que o Move é caso único a nível mundial”.

Com o paradigma de mobilidade a alterar-se, Gonçalo Quadros, diretor-geral e CEO da Critical Software, afirma que são necessárias novas soluções, o que representa uma “boa oportunidade de negócio”.

Coimbra, acrescenta, “não pode desperdiçar nenhuma oportunidade de lançar projetos inovadores, nem tão pouco “desperdiçar o conhecimento que é produzido na universidade e nas escolas superiores. “Coimbra tem a obrigação de reconstruir o tecido económico que se tem degradado”, afirma. Gonçalo Quadros elogia o trabalho desenvolvido pelo Instituto Pedro Nunes “no suporte e na incubação” de novas empresas, o que assegura a viabilidade do conhecimento construído nas mais variadas frentes do ensino superior.

Colocar o Move no circuito Exploratório-Convento de S. Francisco, em Santa Clara, pode constituir-se como um exemplo das possibilidades desta solução de mobilidade. Pode adaptar-se a aeroportos, hospitais e espaços de lazer. “A área de Santa Clara-a-Velha é uma excelente possibilidade, pois o Move reduz a distância, permitindo usufruir de todos os equipamentos e património disponíveis. Penso que este é um projeto que será bem-sucedido”, assegura.

Norberto Pires, presidente do conselho de administração do iParque, considera que a baixa da cidade de Coimbra, nomeadamente a zona da outra margem do rio que envolve o Exploratório, a zona ribeirinha, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Convento de São Francisco e Portugal dos Pequenitos “tem a configuração ideal para albergar um projeto de mobilidade elétrica sem condutor”. Coimbra, afirma o também investigador da Universidade de Coimbra, “seria pioneira numa tecnologia de futuro”.

Para Norberto Pires, Coimbra tem condições humanas para isso, quer ao nível da universidade e centros de I&D, quer ao nível das empresas. “Seria uma aposta séria de uma cidade renovada, capaz de atrair um público jovem e empreendedor”, conclui.

5 Comments

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.