O desporto motorizado em geral, e o automobilismo em particular, sempre mereceu dos conimbricenses um carinho especial, traduzido nas enormes assistências do público em qualquer competição que se realizasse na cidade ou que tivesse algo a ver com a nossa região.
Em tempos, uma simples gincana ou uma mais sofisticada “prova de perícia” era o suficiente para chamar milhares de assistentes que, verdadeiramente, adoravam a perícia e desenvoltura dos concorrentes que, nos seus automóveis “do dia-a-dia”, faziam a delícia dos seus fãs, não raro à custa de um ou outro toque num qualquer passeio ou mesmo num candeeiro de iluminação…
Grande parte das “competições” decorria, numa primeira fase, em arruamentos da cidade (Av. Afonso Henriques e Av. Navarro) e, já noutra fase, nos arruamentos circundantes do Estádio Universitário.
Os organizadores variavam e tanto podiam ser clubes ligados ao automobilismo nas melhores competições, como clubes de outras modalidades nas “provas de perícia”, destinadas, fundamentalmente, a angariar fundos para atividades ou mesmo para apoiar instituições de cariz social e, assim, também outras entidades colaboravam nas organizações de diversas formas, desde a PSP às Câmaras Municipais…
Naturalmente, estas competições eram muitas vezes integradas nas habituais festas das cidades e vilas, e, como tal, vieram a adotar o nome de, por exemplo, Rali Rainha Santa, Rali da Universidade ou Rali das Camélias (Sintra), Rali do Fim-do-Ano (Figueira da Foz), etc.
Em Coimbra, a antiga Escola de Regentes Agrícolas (hoje Escola Superior Agrária) na sua semana de festas, entre muitas e excelentes atividades sociais, culturais e desportivas, organizava, nos arruamentos da escola, uma fantástica competição automóvel, misto de perícia e Velocidade Pura, que reunia a nata dos melhores corredores portugueses e atraía uma verdadeira multidão, que vivia o verdadeiro contra/relógio que, de facto, era emocionante e obrigava o público a ter cuidados especiais…
Não tenho qualquer dúvida em dizer que o aparecimento do “nosso” Clube Automóvel do Centro (CAC) teve muito a ver com o grande entusiasmo que, nessa altura, se vivia em Coimbra em relação aos automóveis e que levou muitas pessoas a aderir ao projeto que teve como patrono o saudoso Dr. António Rocha Pita.
Felizmente que o Clube se tem mantido firme na sua cruzada pelo automobilismo no Centro e tem dado passos seguros na consolidação do seu prestígio, muito contribuindo para tal a tenacidade e amor à causa que as sucessivas direções do CAC manifestam na defesa do desporto motorizado na zona Centro do país.
Conheço bem as pessoas que constituem o “núcleo duro” do CAC e sei bem do seu amor pelo clube e, sobretudo, pela sua verdadeira paixão pelos automóveis…
Brevemente estaremos, todos, em franco convívio apenas pelos automóveis…!
E, certamente, muitas e variadas peripécias servirão para enriquecer o palmarés do CAC.