Como saimos disto? É a pergunta que muitos portugueses colocam face às dificuldades que a economia portuguesa atravessa. A resposta é fácil, a sua implementação nem por isso. Incrementar as exportações e diminuir as importações é a única solução que se nos coloca. Um problema de endividamento externo só se resolve se importarmos menos, o que implica pagar menos ao exterior, e exportarmos mais, recebendo mais divisas.
Tem sido essa a estratégia do Governo nos últimos anos e, diga-se, com êxito manifesto. Em 2005 as exportações representavam 27,8% do nosso PIB. Em 2008 já eram 32,5% e esperamos que em 2010, e mesmo em período de crise, possa vir a ser de igual valor.
Vem isto a propósito da reunião que o senhor primeiro-ministro realizou com as maiores empresas exportadoras, com um volume total de 6.136 milhões de euros, o que representa 20% das exportações nacionais. Já sabemos que para aqueles menos informados ou partidariamente enquadrados a crítica será: porquê dar atenção às grandes empresas se a economia portuguesa é constituída por PME?
É evidente que a estratégia exportadora não se limita às grandes e os casos de maior crescimento percentual até se verificam nas mais pequenas, porque partem de um valor mais baixo. Mas é também desconhecimento que as grandes empresas trabalham e puxam diariamente pelas pequenas. O que seria das pequenas empresas que circulam na órbita da Ford Lusitania ou até das 1.800 PME que trabalham diariamente para a Galp?
O ano de 2010 está neste aspecto a correr bastante bem para as empresas exportadoras, já que crescemos 15,5% acima do ano passado,com referencia a Setembro e com maior peso dos países extra-comunitários, o que confirma a estratégia de diversificação. De Janeiro a Setembro deste ano, entre os 29 países em que se registaram exportações de mercadorias com valor superior a 100 milhões de euros (que representam mais de 90% das exportações totais) em apenas três deles se verificou uma contracção do montante exportado: Angola (-20,2%), Suécia (-3,3%) e Argélia (-12%).
Nos três principais mercados de destino que cobriram nos últimos dois anos mais de metade das exportações nacionais, registaram-se acréscimos: Espanha (+14,6%), Alemanha (+12,8%) e França (+8,8%). De assinalar o importante acréscimo nas exportações para os Estados Unidos (+39,6%) e os incrementos superiores a 40%, como os casos da Bélgica (+44,1%), Brasil (+68,3%), México (+90,3%), Marrocos (+44,9%), Turquia (+45,4%), Gibraltar (+225,9%), Finlândia (+73,8%), Canadá (+44,3%), Perú (+154%) e Colômbia (+51%).
Os sectores que mais contribuiram para este êxito foram os energéticos, químicos, madeira, papel, material de transporte, minério e metais, máquinas e agro-alimentar.
Concluo, a estratégia e as medidas são as adequadas e estão a dar resultados. Para os menos crentes ou menos informados, convém lembrar que Portugal é dos países onde mais cresceram as exportações em termos percentuais. Mas isso é uma boa notícia, fica fora das primeiras páginas. Sina nossa.