Administrador da empresa admite “incoerência” na intervenção em Almalaguês

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Um administrador da empresa que realizava uma obra em Coimbra na qual morreram, no sábado, dois trabalhadores, admitiu hoje a possibilidade de ter havido “alguma incoerência” na intervenção, mas considerou prematura a conclusão de falha de segurança.

José Marques Grácio, fundador e principal administrador da empresa, disse à agência Lusa que um dos trabalhadores falecidos, Pedro Freire, tinha comunicado momentos antes do acidente para a mãe a dizer-lhe que estava a acabar o trabalho.

No entendimento do administrador, uma questão que coloca é de saber se os trabalhadores terão retirado os taipais de proteção ao aluimento de terra antes de tempo.

“Eles parece que seguiram os trâmites. Os taipais só deveriam sair no fim. Ou foi antes de meter o ‘tubo mãe’?”, interrogou.

Segundo José Marques Grácio, na obra houve uma rutura de uma conduta e uma questão é de saber se foi isso que provocou o acidente, ou se foi o aluimento de terra que provocou a rutura da conduta.

No seu entendimento, o acidente também poderia acontecer mesmo cumprindo todas as regras, e citou como exemplo a morte recente de um trabalhador em Montemor-o-Velho, “dentro dos taipais”.

A Diretora da Autoridade para a Condições do Trabalho (ACT) de Coimbra revelou, entretanto, à agência Lusa que já foi feita uma averiguação preliminar às causas do acidente, mas não apontou um horizonte para a conclusão de um relatório final.

“É um trabalho de alguma complexidade, que leva algum tempo. Num acidente de trabalho há uma concorrência de causas”, alegou Lurdes Padrão, frisando que “num estaleiro há diversos responsáveis das intervenções”, o que exige averiguações detalhadas.

A responsável acrescentou que a intervenção da ACT vai mais no sentido de conhecer as causas para que sejam prevenidos no futuro acidentes em situações similares.

Por seu turno, Marcelo Nuno, presidente da empresa municipal Águas de Coimbra, dona da obra, recusou-se a revelar o resultado de uma reunião que hoje teve com juristas, frisando ser um assunto que vai correr internamente e para o qual pretende “resguardo e reserva”.

“Vamos proceder em conformidade, e com o que a legislação disser”, sublinhou.

Pedro Freire e Luís Barros, trabalhadores da firma José Marques Grácio, morreram sábado soterrados em Almalaguês, Coimbra, quando procediam à abertura de uma vala no âmbito de uma empreitada da empresa municipal Águas de Coimbra.

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