Má-língua

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Não têm conta os emails que recebo a falar dos que recebem boas reformas e empregam os filhos usando o poder político e as relações privilegiadas com os partidos da governação. Não têm conta as causas a que adiro no Facebook pela moralização das contas públicas e outras causas afins.

Trata-se de lutar contra uma velha maleita da nossa administração, conforme podemos ver nas críticas ao Marquês de Pombal em jornais católicos de 1909: “E Link diz na obra já citada ao falar da sua jornada das Caldas a Coimbra: O que não deixa de causar espanto é trilhar-se uma estrada bem conservada, coisa raríssima em Portugal, mas é que nos íamos aproximando da antiga habitação do ministro Pombal.” Referia aí também que os empregados públicos recebiam tarde os seus vencimentos. Mas, eu, até agora, só sabia da safadeza de Pombal de obrigar filhas da mais abastada aristocracia a casar com os seus filhos, sendo um só anulado após ter sido apeado do poder.

No nosso tempo, o governo cortou salários da função pública, reduziu reformas, acabou com abonos de família e multiplicou por todo o lado casos de pobreza extrema ao criar situações de falências de empresas e de reduções de produção e vendas das que ainda sobrevivem. Trata-se de uma situação nova a que só as autarquias tentam ou têm que dar solução, colmatando as dificuldades já sentidas em atender estes casos pelas organizações católicas como a Caritas. De facto, com o empobrecimento da classe remediada, nota-se da parte dos que contribuíam tradicionalmente para estas obras dificuldades próprias que complicam tudo. Devemos por isso parar para pensar.

Toda esta crise localiza-se na Europa e mostra a falácia das políticas económicas europeias e das falhas de combate à corrupção que grassa por toda ela.

Na verdade nada se resolve com discursos moralistas embora a moral esteja na base da economia como podemos concluir pela leitura de “The Theory of Moral Sentiments”, um tratado de economia escrito por Adam Smith in 1759, logo o ano em que Pombal conseguiu abolir a Companhia de Jesus Urbi et Orbi. Agora trata-se de fazer a revisão geral dos pensamentos comuns sobre a organização da economia, onde quase só encontramos as falácias dos demagogos que nos governam ao sabor das sondagens. E, pior ainda, de acordo com os interesses dos que provocam as crises para enriquecer enquanto quase todos empobrecem. Infelizmente, amedrontados com o que não querem perceber, nem sequer ouvir, muitos limitam-se a dizer que não há nada a fazer e que tudo é inevitável. Alguns até culpam da crise e de tudo o que é mau os que lutam e denunciam a má e perversa governação.

Tudo tem uma explicação lógica na falha dos sentimentos morais que os deviam motivar para a cidadania e para a luta política consequente. Infelizmente, parece, nunca acordarão para a vida. E essa só é digna de ser vivida por quem se preocupa consigo e com a Humanidade. Sejamos dignos e seremos felizes. Precisamos de o gritar.

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