A solidariedade tem dois sentidos

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A divulgação recente de um estudo de opinião sobre as actividades profissionais mais valorizadas pelos portugueses, veio colocar no primeiro plano os Bombeiros, logo seguidos pelos professores.

Esta constatação, que para a maioria não é surpresa, vem pôr a tónica, no que aos primeiros respeita, nas fragilidades do nosso sistema de apoio social, dia a dia mais longínquo para os cidadãos de menores recursos, isolados e em situação de solidão.

O trabalho humanitário, solidário, de socorro e de protecção à população que dele carece, encontra em cada um dos indivíduos que se entrega voluntariamente, a sua dádiva ao outro.

É por isso que diariamente as associações e os seus serviços de emergência são confrontados com pedidos de auxílio que, muitas vezes, mais não são do que uma forma de ouvir uma voz amiga, afastar os maus presságios ou mendigar a atenção que teima em não surgir.

Cada um dos cidadãos que recorre ao apoio dos bombeiros, pensa naturalmente em si, nos seus familiares, nos seus haveres, acha sempre que estes homens podiam fazer mais, mas, no fundo, sabem que eles estão lá, presentes e vigilantes de dia e de noite, gerando um sentimento de segurança que é indispensável ao nosso bem-estar.

Dependendo essencialmente do associativismo, estas instituições com séculos de história, necessitam igualmente de todos nós e, por isso, devíamos olhar de forma recíproca a sua dádiva, com pequenos gestos como por exemplo, pagar uma quota simbólica como associado, ou apoiar, ao abrigo do mecenato, permitindo a aquisição de equipamentos que fazem falta nos seus quartéis e são gastos ao serviço da colectividade.

É que a solidariedade e a compreensão têm sempre dois sentidos, estando ao alcance da maior parte de nós, como forma de reconhecer o espírito abnegado e altruísta como exercem a sua função.

Mas, se muitas vezes parece existir uma frustração pela sociedade injusta em que vivemos, o que dizer do Estado, que olha estes homens por detrás das janelas dos modernos edifícios, atribuindo umas “migalhas” a quem dá a vida pelo próximo?

Ainda esta semana ouvimos falar dos cortes nos serviços de ambulância e de transporte de doentes. A quem interessa esta situação? Quais as alternativas para as pessoas mais carenciadas?

É tempo de pôr de lado a opulência e os excessos de alguns serviços e sectores que deviam estar ao serviço de quem deles precisa e apoiar os que no dia-a-dia actuam em prol da sociedade, encarando a sua actividade como um dever e uma missão.

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