São Francisco: do sonho à realidade

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Na passada semana, em ambiente cultural de inusitada alegria, decorreu o acto de assinatura do Auto de Consignação da Empreitada de Construção do “Centro de Convenções e Espaço Cultural do Convento de São Francisco”.

Um dia especial para Coimbra porque, finalmente, se deu o passo decisivo para concretizar o sonho que perdurou anos e que o Presidente da Câmara, Dr. Carlos Encarnação, vai tornar realidade. Um Presidente que jamais baixou os braços perante os impedimentos burocráticos, as dúvidas oficiais e os diversos contratempos que se colocaram ao longo do processo para atrasar ou até inviabilizar o grande e inquestionável empreendimento, que Coimbra não possui e reclama há muito tempo.

Por isso, neste momento único para a nossa cidade, para a região, para o País e para a Cultura e Turismo, sem esquecer o económico e o social, congratulamo-nos com a decisão. Uma estrutura que vai colocar Coimbra na rota dos grandes acontecimentos nacionais e mundiais, permitindo a realização de eventos científicos, culturais, sociais, académicos, artísticos e mesmo museológicos.

Mas, regozijamo-nos, também, com outra realidade que defendemos há mais de vinte anos, a recuperação do Convento para outro nobilitante uso, um monumento histórico, cultural e religioso que fora abandonado por imperativo da supressão das Ordens Religiosas, em 1834, arrematado por Emídio Navarro e destinada a igreja, em 1854, a sede da nova freguesia, Santa Clara. Desafecta em 1875, foram vendidos retábulos e mobiliário.

Este Convento de franciscanos veio substituir o medieval, engolido pelas águas e areias do Mondego. A primeira pedra da construção remonta a 1602. Seguiu o tipo comum maneirista da cidade com projecto do arquitecto Isidro Manuel. Recebeu os frades em 1609, embora sem estar totalmente concluído.

O Convento, que sofrera, já, as consequências das invasões francesas, que o ocuparam e causaram danos materiais, roubos e morte de muitos frades, viveu modestamente até 1834. Após a alienação houve a primeira tentativa de nele instalar uma fábrica têxtil, pois o imóvel mudara de dono, em 1842, vendido a José Mello Soares de Albergaria, familiar de um dos sócios da empresa que se constituiu em 1875, a Companhia de Fiação e Tecidos de Coimbra, SARL.

Introduzidas as máquinas e construída a chaminé, após algum tempo de laboração, dissolveu-se e o convento tornou-se propriedade de José Lopes Guimarães, que ali abriu um armazém de vinhos. Posteriormente, teve nova utilização, em 1888, com a constituição da sociedade de lanifícios “Peig, Planas & C.ª”.

Um filho de um dos sócios, Vitorino Planas Dória, que estudara no Departamento de Indústria Têxtil da Universidade de Leeds-Inglaterra, empregou o saber adquirido na qualidade dos tecidos e estes alcançaram prestígio europeu: era o tecido da Fábrica de Santa Clara. Acrescentar, ainda, que, em 1890, instalou-se, ali, a fábrica de massas de Vitorino de Miranda, que veio a encerrar, e a Planas tornou-se única proprietária do convento. Mais tarde, denominou-se “Planas & C.ª”e, por fim, cooperativa “Clarcoop-Tecidos e Confecções”, que abriu falência em 1985.

O convento foi adquirido pela Câmara, em 1986, no mandato do Dr. Mendes Silva, por 30.000 contos. Na década de noventa a igreja foi cedida à Diocese, a chaminé foi derrubada e o espaço serviu para diferentes actividades culturais, sociais e comerciais. Finalmente, o fim desejado: “Centro de Convenções e Espaço Cultural do Convento de São Francisco”.

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